A importância da relação pedagógica na aquisição das aprendizagens

Quanto mais novos, mais relação pedagógica os alunos precisam, ou seja, esta deverá ser inversamente proporcional à idade.

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Daniel Rocha

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
Carl Jung

Muito se tem falado da importância do ensino presencial, do facto do ensino a distância não substituir e a importância que as relações têm no saudável desenvolvimento das crianças, jovens e jovens adultos. Somos seres sociais. A frase de Carl Gustav Jung, um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, é um verdadeiro hino à humanidade e faz todo o sentido não nos esquecermos dela quando pensamos na Educação.

Há tempos, enquanto conversava com um colega, surgiu o tema da relação pedagógica e da importância que tinha em todo o processo de ensino-aprendizagem. Se foi consensual que a relação tem de existir para que o processo se dê, não o seria se tivéssemos de optar entre um professor com grande conhecimento científico e um professor que fosse muito bom pedagogicamente.

Para minha surpresa, a escolha do meu colega seria o professor que melhor preparado cientificamente estivesse. Confesso que, por segundos, não entendi esta escolha. Eu teria escolhido sempre o professor que fosse muito bom pedagogicamente, pelo que tive de fazer a pergunta necessária: Por que razão faria essa escolha?

Antes de ouvir a resposta tentei argumentar, defendendo a minha escolha, dando o exemplo do 1.º ciclo, nível de ensino em que trabalho e onde considero que a estratégia deva ser a inversa, ou seja, colocar em primeiro lugar a relação humana/pedagógica e só depois a do conhecimento. Acredito por ideologia e confirmo por empirismo que sem relação, a este nível de ensino, não há aprendizagem. Também por aqui se vê as dificuldades do Ensino à Distância (E@D) nesta faixa etária.

Perante os meus argumentos, e depois de largos minutos a conversar saudavelmente, chegámos a um consenso. Quanto mais novos, mais relação pedagógica os alunos precisam, ou seja, esta deverá ser inversamente proporcional à idade.

Com esta discussão, pensei cá para mim que, de facto, faz sentido que assim seja, mas não quis deixar de acrescentar que nem no 1.º ciclo se pode descurar o conhecimento científico, nem na faculdade se pode abdicar do fator relacional.

Na realidade nós somos todos “animais relacionais”, precisamos sempre de uma empatia, de uma relação para com o próximo para conseguirmos, a partir daí, crescer. Acontece assim desde que nascemos, pelo que creio que na Educação esse lado relacional nunca possa ser descurado ao longo da nossa vida estudantil.

Empiricamente posso afirmar que não existe processo ensino-aprendizagem sem que haja relação pedagógica.

Para concluir, e recuperando Carl Jung, digo que um professor antes de ser um bom profissional deve preocupar-se em ser um bom ser humano. O profissionalismo de um professor é uma característica intrínseca de um bom ser humano que trabalha com outro ser humano. Basta pensarmos nos professores que mais nos marcaram.


O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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