Curdos procuram células do Daesh em campos na Síria

Forças curdas querem desactivar grupos jihadistas que operam dentro do campo de deslocados onde vivem 70 mil pessoas, incluindo mulheres e crianças detidas na guerra contra o Daesh na Síria e no Iraque.

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Há 70 mil pessoas a viver no campo de Al-Hol, onde falta tudo ALI HASHISHO/Reuters

Forças curdas lançaram uma operação de segurança dentro do campo de refugiados Al-Hol, no Nordeste da Síria, numa tentativa de eliminar células do Daesh adormecidas que têm estado cada vez mais activas nos últimos meses. De acordo com o jornal The Guardian, cinco a seis mil tropas e membros da polícia, liderados pelas Forças Democráticas da Síria (FDS, grupo que foi formado e apoiado pelos Estados Unidos), entraram no campo para fazer buscas e detenções.

Responsáveis curdos dizem que o objectivo das operações, que devem prolongar-se por 15 dias, é isolar e prender líderes de pequenos grupos do Daesh e, ao mesmo tempo, melhorar o acesso às organizações de ajuda humanitária num local onde 70 mil pessoas vivem em condições desesperadas. A coligação internacional para combater os jihadistas, que Washington lidera, diz que esta acção conta com o seu apoio.

“As nossas FDS e parceiros Asayish [a polícia curda] começaram uma operação para melhorar a segurança e o acesso da assistência das ONG aos que residem no campo de deslocados internos, em Al-Hol”, escreveu no Twitter o porta-voz Wayne Marotto. “Impedir que novas gerações do Daesh cresçam no campo vai garantir a missão duradoura de derrotar o Daesh.”

Muitas das pessoas no campo de Al-Hol são mulheres e crianças que foram detidas na guerra para derrotar o grupo terrorista na Síria e no Iraque, não se sabendo quantos continuam a apoiar o Daesh. Muitas são estrangeiras cujos países recusam repatriar por considerarem que ameaçam a sua segurança.

Os curdos controlam as entradas e saídas, mas admitem ter pouco controlo do que se passa no interior, e já se contam guardas feridos e mortos com facas dos kits de alimentação distribuídos. Vários peritos avisaram repetidas vezes que o campo pode tornar-se um terreno fértil para uma futura radicalização, mas não houve nenhuma tentativa para o desmantelar.

Numa visita ao campo na sexta-feira, Peter Maurer, presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, descreveu Al-Hol como um sítio onde “a esperança vai para morrer”. Tudo é complicado, disse, da “comida a serviços médicos básicos”, sublinhando os problemas da falta de educação que faz com que “os miúdos cresçam sem perspectivas de futuro”.

Para Maurer, é “um escândalo que a comunidade internacional permita que um lugar destes continua a existir: não por causa de problemas humanitários inultrapassáveis mas por causa de divergências políticas”.

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