Ex-primeiro-ministro escocês lança novo partido independentista

Alex Salmond diz que o Partido Alba quer alargar a plataforma política secessionista da Escócia, mas a sua entrada em cena pode dificultar a tarefa do SNP para alcançar a maioria nas eleições de Maio.

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Alex Salmond, antigo primeiro-ministro da Escócia e ex-líder do SNP WILL OLIVER/EPA

O antigo primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, lançou esta sexta-feira um novo partido independentista que irá concorrer às eleições legislativas de Maio, numa jogada que tem potencial para dividir o voto separatista e afastar muitos eleitores de Nicola Sturgeon, a sua protegida que se transformou em inimiga. 

Num anúncio feito através do Twitter, Salmond – que liderou o Partido Nacional Escocês (SNP), de Sturgeon, entre 2004 e 2014, e que entrou em rota colisão com o partido por causa das denúncias de assédio sexual, das quais foi ilibado –, disse que o objectivo do Partido Alba será o de maximizar o número de deputados pró-independência no parlamento escocês.

“O parlamento tem de ter, não apenas uma maioria pela independência, mas uma ‘super-maioria’ que vire a balança a favor da Escócia”, afirmou, confirmando que se irá apresentar como candidato.

“Os objectivos estratégicos do partido são claros e inequívocos: conseguir um país independente, bem-sucedido, socialmente justo e ecologicamente responsável. Queremos contribuir para políticas que ajudem à recuperação económica da Escócia e que construam uma plataforma independentista para encarar as novas realidades políticas”, acrescentou Salmond.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, tem rejeitado repetidamente todos os pedidos para a realização de um novo referendo à independência da Escócia, depois da consulta de 2014 ter resultado na decisão de permanência no Reino Unido.

As sondagens dos últimos 12 meses mostram níveis historicamente elevados de apoio à independência e a eleição de Maio é vista como um teste decisivo ao sentimento público na Escócia e uma oportunidade para o SNP colocar ainda mais pressão sobre Johnson.

Enquanto líder dos nacionalistas escoceses, Alex Salmond liderou o governo durante sete anos e contribuiu para juntar apoios populares à independência. Quando os escoceses rejeitaram a secessão em 2014, por 55% contra 45%, o ex-primeiro-ministro era a principal figura pró-independência da Escócia.

Salmond e a actual primeira-ministra, Nicola Sturgeon, eram grandes amigos e aliados, mas afastaram-se depois de várias mulheres terem apresentado queixas de assédio sexual contra o novo líder do Partido Alba.

O antigo primeiro-ministro escocês foi ilibado das acusações no ano passado e disse ter sido vítima de uma conspiração que o forçou a abandonar a vida pública. Acabou por ser indemnizado pelo governo da Escócia em 500 mil libras (cerca de 585 mil euros), depois de uma investigação ao seu comportamento ter sido considerada ilegal.

A própria Sturgeon foi alvo de duas investigações no âmbito deste caso. As conclusões de ambas foram conhecidas esta semana, com um inquérito independente a exonerá-la e outro, liderado por uma comissão parlamentar, a concluir que enganou o parlamento com o seu depoimento.

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