Com recurso da sentença de “espancador da mulher” recusado, Depp foca-se no caso que decorre nos EUA

O actor pretendia reverter a sentença que absolveu o The Sun de difamação caluniosa por o ter descrito como “espancador da mulher”.

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Johnny Depp pretende atingir a credibilidade da ex-mulher, Amber Heard, com a questão das doações do valor acordado no divórcio Reuters/SIMON DAWSON

O Tribunal de Recurso de Londres recusou, na quinta-feira, o pedido de Johnny Depp que pretendia contestar o veredicto do ano passado em que se concluía que o actor de Hollywood era “espancador da mulher”. Como resultado, o actor decidiu focar-se numa acção judicial a decorrer nos Estados Unidos de forma a recuperar a sua reputação.

Em Novembro, o juiz do Supremo Tribunal londrino Andrew Nicol deliberou contra a estrela de filmes como Piratas das Caraíbas ou o já clássico Eduardo Mãos de Tesoura, que tinha interposto uma acção de difamação caluniosa contra o The Sun por este ter publicado um artigo em que Johnny Depp era rotulado como um “espancador da mulher”.

Depois de três semanas de audiências, que decorreram no último Verão e ao longo das quais se ouviu a versão de Depp e da actriz Amber Heard (a Mera de Aquaman)Nicol concluiu que Depp, de 57 anos, tinha agredido violentamente a sua ex-mulher, de 34 anos, com quem terá tido um tempestuoso relacionamento de cinco anos, que a terá colocado numa posição de temer pela sua própria vida.

“Como já dissemos, não é fácil convencer este tribunal a anular as conclusões de um juiz sobre questões puramente factuais”, disseram os dois juízes do Tribunal de Recurso no seu acórdão, citado pela Reuters. "Não acreditamos que haja uma perspectiva real de se estar preparado para o fazer neste caso”.

Na semana passada, os advogados de Johnny Depp alegaram que a decisão do juiz Andrew Nicol estava “claramente errada" e pediram que fossem tidas em conta novas provas que deitavam por terra a credibilidade do testemunho da actriz. Por altura do divórcio, Amber Heard aceitou retirar as queixas por violência doméstica no âmbito de um acordo que envolveu o pagamento de sete milhões de dólares (quase seis milhões de euros, ao câmbio actual). A actriz deixava claro que o que a movia não era o dinheiro, uma acusação formulada pelo “capitão Jack Sparrow”, ao anunciar a doação desse capital a duas organizações: à União Americana pelas Liberdades Civis e ao Hospital Infantil de Los Angeles. Problema: no caso do Hospital Infantil de Los Angeles, há documentos que comprovam que Heard entregou apenas cem mil dólares (quase 83 mil euros) e nem mais um tostão dos 3,5 milhões de dólares (2,9 milhões de euros) previstos. O facto fez com que a equipa jurídica de Depp catalogasse a declaração de Amber Heard como “uma mentira calculada e manipuladora”.

No entanto, o Tribunal de Recurso disse, agora, que as audiências no Verão passado foram justas, que as suas razões foram exaustivas e que não tinha havido erro de direito.

Com a decisão londrina, o advogado do actor declarou que se iria passar a concentrar no caso que o actor moveu contra Heard nos EUAO actor apresentou um processo por difamação no valor de 50 milhões de dólares contra Heard num tribunal da Virgínia por causa de um artigo de opinião que ela escreveu no The Washington Post, e esse processo está em curso. “As provas apresentadas na audiência da semana passada” demonstram que existem razões claras e objectivas para questionar seriamente a decisão alcançada no tribunal britânico”, disse a advogada britânica de DeppJoelle Rich, numa declaração. No entanto, “o srDepp aguarda com expectativa a apresentação da prova completa e irrefutável da verdade no processo de difamação dos EUA contra a sra. Heard, onde ela terá de fornecer uma revelação completa”.

Da parte da actriz, um porta-voz, citado pela Reuters, manifestou que estão “satisfeitos — mas de modo algum surpreendidos”, uma vez que as provas eram “esmagadoras e inegáveis”.

Já o The Sun disse que a decisão justificava as provas dadas por Heard, dizendo que estava confiante de que a permissão para recorrer seria recusada.

O caso de difamação já prejudicou a carreira de Johnny Depp, uma vez que lhe foi pedido que deixasse a franquia Monstros Fantásticos, tendo ainda havido rescisões dos filmes Harry Potter.

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