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A Magnum celebra a imprevisibilidade da vida em fotografias inesperadas

Pyongyang, Coreia do Norte. 1997. “A Coreia do Norte é talvez o país mais surreal do mundo. Estar lá é como andar num cenário de filme. As pessoas não querem falar com um estrangeiro como eu, mas eu adorei passar por este bebé, que ficou muito contente por olhar-me fixamente de volta.” Martin Parr/Magnum Photos
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Pyongyang, Coreia do Norte. 1997. “A Coreia do Norte é talvez o país mais surreal do mundo. Estar lá é como andar num cenário de filme. As pessoas não querem falar com um estrangeiro como eu, mas eu adorei passar por este bebé, que ficou muito contente por olhar-me fixamente de volta.” Martin Parr/Magnum Photos

Acidentes felizes, reviravoltas imprevisíveis, dão origem, não raramente, a fotografias memoráveis. "Durante mais de sete décadas, os fotógrafos da Magnum documentaram e testemunharam eventos que mudaram nações, sociedades, povos, de formas, então, completamente imprevisíveis", pode ler-se no comunicado que a cooperativa de fotógrafos dirigiu ao P3. "Desde que foi inventada, a fotografia tem sido associada ao inesperado: documenta temas sub-explorados, regiões longínquas e sub-representadas, gera imagens que capturam aquele instante em que a gravidade parece ter deixado de existir."

As obras que a Magnum disponibiliza para venda, no seu site, a propósito do novo evento online Magnum Square Print Sale, que termina a 28 de Março, foram escolhidas pelos seus fotógrafos por conterem alguma dessa "magia do inesperado". O que, para cada um, tornou a imagem especial pode ler-se nas legendas de cada fotografia, escrita na primeira pessoa por cada autor. "Por vezes, a vida atira-te para dentro de cenários de incongruência que um fotógrafo veloz se limita a registar." Elefantes que marcham diante da Torre Eiffel, corvos que aprenderam a acender fósforos, crianças norte-coreanas que, ao contrário dos pais, olham os estrangeiros sem pudor, aquele beijo que surge, inesperado, diante da lente, todos esses são momentos que a Magnum partilha, agora, através 15 destas imagens.

Dhana. Da série The Afronauts. 2011.  “O que torna uma imagem inesperada? Ultimamente, o nosso pensamento formado por um conjunto pequeno de camadas e a nossa relutância geral em adoptar nuances como formas válidas de abordar e compreender o mundo está a sufocar uma série de possibilidades em que nós, humanos, poderíamos estar a dar o melhor de nós. Uma melhor compreensão de contexto e motivação é mais necessário do que nunca, se queremos interrogar realmente quem somos e o que fazemos, mas também de forma a evitar as hordes maniqueístas que dividem a opinião pública entre preto ou branco. O ano 2020 foi cheio em eventos que mudaram as nossas vidas e que nos lembraram do valor da vida e da fragilidade das nossas construções culturais. Se nos limitarmos a saber apenas aquilo que já sabemos e já esperamos, tudo irá estagnar para sempre. É claro que a força para questionar e melhorar a nossa sociedade não advém dos que acreditam na ideia de certo e errado, mas aqueles que se esforçam por ultrapassar e desafiar qualquer tipo de classificação.”
Dhana. Da série The Afronauts. 2011. “O que torna uma imagem inesperada? Ultimamente, o nosso pensamento formado por um conjunto pequeno de camadas e a nossa relutância geral em adoptar nuances como formas válidas de abordar e compreender o mundo está a sufocar uma série de possibilidades em que nós, humanos, poderíamos estar a dar o melhor de nós. Uma melhor compreensão de contexto e motivação é mais necessário do que nunca, se queremos interrogar realmente quem somos e o que fazemos, mas também de forma a evitar as hordes maniqueístas que dividem a opinião pública entre preto ou branco. O ano 2020 foi cheio em eventos que mudaram as nossas vidas e que nos lembraram do valor da vida e da fragilidade das nossas construções culturais. Se nos limitarmos a saber apenas aquilo que já sabemos e já esperamos, tudo irá estagnar para sempre. É claro que a força para questionar e melhorar a nossa sociedade não advém dos que acreditam na ideia de certo e errado, mas aqueles que se esforçam por ultrapassar e desafiar qualquer tipo de classificação.” Cristina De Middel/Magnum Photos
Gao, Mali, 1988. “Em 1998, eu tinha ido fazer um trabalho ao Mali. Estava hospedado num pequeno hotel, em Gao, uma vila junto ao Rio Niger. Estava muito quente dentro do hotel. Em busca de algum ar, fui para uma sala no topo do edifício. Havia uma abertura na parede que enquadrava a paisagem exterior na perfeição, enquanto a luz que entrava de outra abertura desenhava um padrão geométrico bem definido na zona de sombra. O ar estava totalmente parado. Assim que comecei a disparar, uma brisa repentina fez mexer a cortina à direita num ângulo perfeito. Para mim, fotografia é tentar ter alguma sorte.”
Gao, Mali, 1988. “Em 1998, eu tinha ido fazer um trabalho ao Mali. Estava hospedado num pequeno hotel, em Gao, uma vila junto ao Rio Niger. Estava muito quente dentro do hotel. Em busca de algum ar, fui para uma sala no topo do edifício. Havia uma abertura na parede que enquadrava a paisagem exterior na perfeição, enquanto a luz que entrava de outra abertura desenhava um padrão geométrico bem definido na zona de sombra. O ar estava totalmente parado. Assim que comecei a disparar, uma brisa repentina fez mexer a cortina à direita num ângulo perfeito. Para mim, fotografia é tentar ter alguma sorte.” Harry Gruyaert/Magnum Photos
Nova Iorque, EUA, 1990. “Não podia crer nos meus olhos quando vi as expressões nas caras destas duas mulheres aparentemente relacionadas, enquanto a mais nova ia puxando a outra através de Madison Avenue na sua cadeira de rodas. Fosse qual fosse o motivo, a sua boca estava escancarada. A cena remeteu-me para uma relação mãe e filha: imaginei que a filha se fartava e empurrava a mais velha de um penhasco.”
Nova Iorque, EUA, 1990. “Não podia crer nos meus olhos quando vi as expressões nas caras destas duas mulheres aparentemente relacionadas, enquanto a mais nova ia puxando a outra através de Madison Avenue na sua cadeira de rodas. Fosse qual fosse o motivo, a sua boca estava escancarada. A cena remeteu-me para uma relação mãe e filha: imaginei que a filha se fartava e empurrava a mais velha de um penhasco.” Bruce Gilden/Magnum Photos
Tippi Hedren. Hollywood, Los Angeles, EUA. 1962.  “Em 1962, a LOOK magazine pediu a Philippe Halsman que fotografasse a capa da sua edição de Dezembro: “Tippi Hedren: a nova Grace Kelly de Hitchcock”. Halsman viajou até aos estúdios do filme The Birds, de Alfred Hitchcock, na Carolina do Norte. O filme é por base uma ideia de vingança. Os pássaros, finalmente, vingam-se dos humanos, de séculos de maus tratos a que foram sujeitos. Hitchcock estava entusiasmado a mostrar a Halsman todos os esforços que faziam ao usar pássaros mecânicos e ao treinar pássaros reais para o filme. O treinador de animais principai, Ray Berwick, disse da Tippi: ‘Aquele miúda simpática sofreu muito. É um milagre que tenha passado por isto com a sua cara intacta.’ Esta fotografia revela o laço inesperado que se formou entre Tippi e Buddy, um corvo que foi treinado para acender fósforos. Aparentemente, a Tippi gostava tanto dele que no exterior da porta do seu camarim a placa de identificação tinha escrito “Buddy e Tippi”. Muitas das fotografias desta sessão também foram capa da revista LIFE, em 1963.
Tippi Hedren. Hollywood, Los Angeles, EUA. 1962. “Em 1962, a LOOK magazine pediu a Philippe Halsman que fotografasse a capa da sua edição de Dezembro: “Tippi Hedren: a nova Grace Kelly de Hitchcock”. Halsman viajou até aos estúdios do filme The Birds, de Alfred Hitchcock, na Carolina do Norte. O filme é por base uma ideia de vingança. Os pássaros, finalmente, vingam-se dos humanos, de séculos de maus tratos a que foram sujeitos. Hitchcock estava entusiasmado a mostrar a Halsman todos os esforços que faziam ao usar pássaros mecânicos e ao treinar pássaros reais para o filme. O treinador de animais principai, Ray Berwick, disse da Tippi: ‘Aquele miúda simpática sofreu muito. É um milagre que tenha passado por isto com a sua cara intacta.’ Esta fotografia revela o laço inesperado que se formou entre Tippi e Buddy, um corvo que foi treinado para acender fósforos. Aparentemente, a Tippi gostava tanto dele que no exterior da porta do seu camarim a placa de identificação tinha escrito “Buddy e Tippi”. Muitas das fotografias desta sessão também foram capa da revista LIFE, em 1963. Philippe Halsman/Magnum Photos
Durante a “Cavalcade des Cirques”, os elefantes do circo Bouglione passam pela Torre Eiffel. Paris, Feança, 1978 “Um dia quatro elefantes visitaram a Torre Eiffel, em Paris. Não sei se eles subiram as 674 escadas ou se apanharam o elevador. Quando estavam no topo, olharamm na direcção da Índia, a sua terra natal, e arrependeram-se de terem saído de lá. Era Quarta-Feira, 20 de Dezembro de 1978.
Durante a “Cavalcade des Cirques”, os elefantes do circo Bouglione passam pela Torre Eiffel. Paris, Feança, 1978 “Um dia quatro elefantes visitaram a Torre Eiffel, em Paris. Não sei se eles subiram as 674 escadas ou se apanharam o elevador. Quando estavam no topo, olharamm na direcção da Índia, a sua terra natal, e arrependeram-se de terem saído de lá. Era Quarta-Feira, 20 de Dezembro de 1978. Guy Le Querrec/Magnum Photos
Alex Majoli/Magnum Photos
Daytona Beach, Flórida, EUA. 1997.  “Esta fotografia, que contém a sombra de uma menina a andar de bicicleta numa parede, junto a uma cabine telefónica, foi feita em Daytona Beach, Flórida, em 1997. Em todas as minhas fotografias eu procuro esse ‘momento mágico’ - aquele que apenas acontece uma vez e que nunca mais se repetirá. A imagem faz parte do meu livro American Color 2.”
Daytona Beach, Flórida, EUA. 1997. “Esta fotografia, que contém a sombra de uma menina a andar de bicicleta numa parede, junto a uma cabine telefónica, foi feita em Daytona Beach, Flórida, em 1997. Em todas as minhas fotografias eu procuro esse ‘momento mágico’ - aquele que apenas acontece uma vez e que nunca mais se repetirá. A imagem faz parte do meu livro American Color 2.” Constantine Manos/Magnum Photos
Vendedor de Flores, Lago Dal, Srinagar, Caxemira. 1996.  “Eu estava sediado junto ao lago Dal, em Caxemira. Apanhava um táxi com regularidade para vários mercados flutuantes que havia ao longo do lago. Numa manhã de Novembro muito fria as cores tinham desaparecido do vale. Vi um vendedor de flores a mover-se silenciosamente através de um cana, com o seu barco cheio de flores. Foi um momento inesperado e mágico. Eu perguntei-lhe se o podia seguir e fotografar a sua rotina. Encontrámo-nos noutras ocasiões.”
Vendedor de Flores, Lago Dal, Srinagar, Caxemira. 1996. “Eu estava sediado junto ao lago Dal, em Caxemira. Apanhava um táxi com regularidade para vários mercados flutuantes que havia ao longo do lago. Numa manhã de Novembro muito fria as cores tinham desaparecido do vale. Vi um vendedor de flores a mover-se silenciosamente através de um cana, com o seu barco cheio de flores. Foi um momento inesperado e mágico. Eu perguntei-lhe se o podia seguir e fotografar a sua rotina. Encontrámo-nos noutras ocasiões.” Steve McCurry/Magnum Photos
Estação de Comboio de Kiev, Moscovo, Rússia. 1995.  “A certa altura, tornei-me mais fascinado pela magia da fotografia do que pelo seu conteúdo. Ou melhor, a magia era o próprio conteúdo. A metafísica dos padrões substituem o conteúdo físico. As narrativas quotidianas não são merecedores do design eterno. O significado perdeu significar e a harmonia dita a ordem do mundo. No que toca esta foto – não me recordo ao certo o que aconteceu aqui. Quem eram estas pessoas em uniforme, porque é que estavam na plataforma da estação? Nem sequer me interessava. Eu tentava apenas capturar aquele instante, aquele momento decisivo e inesperado, e pintar a minha tela de pontos e linhas, deixando para o espectador a tentar adivinhar o que se passa.”
Estação de Comboio de Kiev, Moscovo, Rússia. 1995. “A certa altura, tornei-me mais fascinado pela magia da fotografia do que pelo seu conteúdo. Ou melhor, a magia era o próprio conteúdo. A metafísica dos padrões substituem o conteúdo físico. As narrativas quotidianas não são merecedores do design eterno. O significado perdeu significar e a harmonia dita a ordem do mundo. No que toca esta foto – não me recordo ao certo o que aconteceu aqui. Quem eram estas pessoas em uniforme, porque é que estavam na plataforma da estação? Nem sequer me interessava. Eu tentava apenas capturar aquele instante, aquele momento decisivo e inesperado, e pintar a minha tela de pontos e linhas, deixando para o espectador a tentar adivinhar o que se passa.” Gueorgui Pinkhassov/Magnum Photos
Camelos à venda no mercado da aldeia de Birqash, nos arredores do Cairo. Egipto. 2011.  “Procurando uma pausa dos protestos e da violência diários que engoliram o Cairo, há dez anos, passei um dia a visitar o famoso mercado de camelos, na aldeia de Birqash. O mau tratamento destes animais pelos seus donos não lhes dava tréguas.”
Camelos à venda no mercado da aldeia de Birqash, nos arredores do Cairo. Egipto. 2011. “Procurando uma pausa dos protestos e da violência diários que engoliram o Cairo, há dez anos, passei um dia a visitar o famoso mercado de camelos, na aldeia de Birqash. O mau tratamento destes animais pelos seus donos não lhes dava tréguas.” Moises Saman/Magnum Photos
Bull. Guerrero, México. 2018.  “O ritual da queima do touro é um ritual, no México, que está relacionado com o mágico e o sagrado. É um acto simbólico que enaltece a importância de um momento na vida de uma pessoa, família ou comunidade, seja para marcar um avanço no estatuto social ou celebrar uma data importante. Esta imagem revela a celebração do terceiro aniversário de uma criança. É um ritual que celebra a vida.
Bull. Guerrero, México. 2018. “O ritual da queima do touro é um ritual, no México, que está relacionado com o mágico e o sagrado. É um acto simbólico que enaltece a importância de um momento na vida de uma pessoa, família ou comunidade, seja para marcar um avanço no estatuto social ou celebrar uma data importante. Esta imagem revela a celebração do terceiro aniversário de uma criança. É um ritual que celebra a vida. Yael Martinez/Magnum Photos
‘Sancti Spiritus’. Cuba. 1993. Do livro colaborativo “Violet Isle”, com Rebecca Norris Webb.  “Só sei aproximar-me de um lugar caminhando. O que faz o fotógrafo de rua que não seja caminhar, observar, esperar, falar, e depois esperar um pouco mais, tentando manter-se confiante de que o inesperado, o desconhecido, ou o coração secreto do cognoscível, aguarda mesmo ao virar da esquina.”
‘Sancti Spiritus’. Cuba. 1993. Do livro colaborativo “Violet Isle”, com Rebecca Norris Webb. “Só sei aproximar-me de um lugar caminhando. O que faz o fotógrafo de rua que não seja caminhar, observar, esperar, falar, e depois esperar um pouco mais, tentando manter-se confiante de que o inesperado, o desconhecido, ou o coração secreto do cognoscível, aguarda mesmo ao virar da esquina.” Alex Webb/Magnum Photos
Da série “Virus”. Confinamento em Paris, França, 17 de Março de 2020. “Acontecimentos inesperados, imperativos, relacionados com a urgência da sobrevivência, transformaram as experiências vividas no objecto de medos invisíveis e revoltas. Os humanos redescobriram a insatisfação, esculpindo os seus destinos tornando-se protagonistas da História.”
Da série “Virus”. Confinamento em Paris, França, 17 de Março de 2020. “Acontecimentos inesperados, imperativos, relacionados com a urgência da sobrevivência, transformaram as experiências vividas no objecto de medos invisíveis e revoltas. Os humanos redescobriram a insatisfação, esculpindo os seus destinos tornando-se protagonistas da História.” Antoine d'Agata/Magnum Photos
Menonitas nas Colónias Cuauhtémoc. México. 1992.  “Tinha passado uma semana a conduzir desde a fronteira do Canadá até Chihuahua, no México, com o Jacob e a Susanna Wheeler e os seus sete filhos. Às vezes, viajava com os miúdos na pickup, outras vezes com os pais e os mais jovens na carrinha. Esta foi a primeira família menonita que eu conheci. Nas colónias, em Cuauhtémoc, era época de colheita. Num vagão cheio de aveia, Cornelius Wall debruçou-se e beijou a sua esposa Helen. Os menonitas mais conservadores nunca se beijam em público, muito menos em frente a uma câmara. A minha presença não pareceu chateá-los, o que significa que consegui a sua confiança. Eu mantive-me em contaco com o Cornie e a Helen durante muitos anos.
Menonitas nas Colónias Cuauhtémoc. México. 1992. “Tinha passado uma semana a conduzir desde a fronteira do Canadá até Chihuahua, no México, com o Jacob e a Susanna Wheeler e os seus sete filhos. Às vezes, viajava com os miúdos na pickup, outras vezes com os pais e os mais jovens na carrinha. Esta foi a primeira família menonita que eu conheci. Nas colónias, em Cuauhtémoc, era época de colheita. Num vagão cheio de aveia, Cornelius Wall debruçou-se e beijou a sua esposa Helen. Os menonitas mais conservadores nunca se beijam em público, muito menos em frente a uma câmara. A minha presença não pareceu chateá-los, o que significa que consegui a sua confiança. Eu mantive-me em contaco com o Cornie e a Helen durante muitos anos. Larry Towell/Magnum Photos