Estudo diz que os americanos engordaram quase um quilo por mês na pandemia

Só entre 19 de Março e 6 de Abril de 2020 — quando 45 dos 50 estados dos EUA estavam em confinamento — calcula-se que cada pessoa tenha engordado em média 600 gramas.

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“Comer é um dos prazeres da vida e a pandemia foi tão stressante", reconhece a nutricionista e cronista da CNN, Lisa Drayer Unsplash/Iyunmai

Engordou por culpa da pandemia? Não está sozinho. Aliás, um estudo de várias universidades americanas, citado pela CNN, concluiu que, em média, os 269 participantes ganharam quase um quilo por mês durante o confinamento. Os especialistas participantes do estudo deixaram alguns conselhos para combater este aumento de peso.

Só entre 19 de Março e 6 de Abril de 2020 — quando 45 dos 50 estados dos EUA estavam em confinamento — calcula-se que cada pessoa tenha engordado em média 600 gramas. O estudo, publicado na revista científica JAMA da Associação Americana de Medicina e citado na CNN, recorreu a 7500 medições de peso de 269 participantes — pesados em balanças inteligentes conectáveis por Bluetooth — entre 1 de Fevereiro e 1 de Junho. “Em média, [os participantes] ganharam 273 gramas a cada dez dias ou 817 gramas por mês durante o confinamento imposto”, sublinhou um dos autores do estudo, o cardiologista e professor da Universidade da Califórnia, Gregory Marcus.

Este ganho de peso aconteceu independentemente da localização geográfica ou de outras comorbidades, concluíram os investigadores. O confinamento também correspondeu, naturalmente, a uma diminuição do número de passos diários e a um aumento, reportado pelos próprios, da vontade comer compulsivamente.

A combinação destes dois factores é o que os especialistas acreditam ser a causa do aumento generalizado de peso durante a pandemia. O comer compulsivamente poderá também estar associado ao sentimento de conforto que a comida traz, especialmente em períodos difíceis, como o confinamento imposto pela pandemia de covid-19.

Nesses dias de confinamento, foi frequente os participantes do estudo relatarem que comeram comidas mais calóricas, como doces ou pizza, de forma a aliviar o stress ou porque tinham pouco para fazer. O teletrabalho também não veio ajudar, já que a cozinha está sempre a alguns passos de distância.

A co-directora do Centro de Gestão de Peso e Bem-estar do Hospital Feminino de Boston, Caroline Apovian, assinala também o impacte do novo coronavírus na prática de exercício físico. Não só os ginásios fecharam, como também algumas pequenas actividades, como caminhar do estacionamento ou dos transportes públicos ao local de trabalho, deixaram de existir.

Abolir a culpa

Não é possível ignorar as consequências deste ganho de peso generalizado para a saúde pública. Não só os obesos têm maiores complicações associadas à covid-19, como vem agravar a epidemia da obesidade, preocupante já antes do novo coronavírus se ter instalado. Os investigadores alertam para a necessidade dos governos encontrarem formas de mitigar o problema, enquadradas nas medidas de controlo da pandemia.

Ainda assim, é importante não alimentar sentimentos de culpa. “Comer é um dos prazeres da vida e a pandemia foi tão stressante. É compreensível que tenhamos feito mais vezes as nossas comidas de conforto — em quantidades maiores”, reconhece a nutricionista e cronista da CNN, Lisa Drayer. A especialista alerta ainda que “não é apenas uma questão de força de vontade” e que “a obesidade é uma doença que também envolve o cérebro e as hormonas que controlam o apetite e saciedade”.

O estudo publicado tem, todavia, algumas lacunas, como facto de, além da amostra ser pequena, 77% dos participantes serem brancos. Mas, a co-directora do Centro de Gestão de Peso e Bem-estar do Hospital Feminino de Boston, Caroline Apovian, acredita que se a amostra fosse mais diversa, “os resultados seriam ainda piores”, já que “a obesidade é ainda mais prevalente em raças diferentes”.

A especialista assinala ainda que os participantes do estudo, como sabiam que estavam a ser monitorizados, tendem a controlar os hábitos. Ou seja, o cenário, na verdade, será bem mais preocupante. O cardiologista Gregory Marcus, concorda: “O que observamos é realmente uma subestimativa do aumento de peso que a maioria das pessoas experienciou — porque os participantes são pessoas interessadas em saúde”.

Empreender pequenas mudanças

Por essa razão, a nutricionista Lisa Drayer conclui com cinco conselhos para corrigir maus hábitos.

1. Fazer refeições mais pequenas e mais frequentes. Coma três refeições e três lanches em cada dia, separados por três a quatro horas. Nunca salta refeições e aposte em snacks portáteis, para quando estiver demasiado ocupado para parar e comer.

2. Inclua sempre proteína no prato. A proporção deverá sempre correspondente ao tamanho de um rato de computador ou de um baralho de cartas, sugere a nutricionista.

3. Comece lentamente a levantar pesos. Lisa Drayer sugere que o levantamento de pesos preserva a massa muscular, impulsiona o metabolismo e tonifica, à medida que vai eliminando algum peso.

4. Começar a andar. Uma caminhada de trinta minutos também ajuda no propósito de pôr o metabolismo a funcionar e queima mais algumas calorias.

5. Encontre maneiras alternativas de aliviar o stress. Em vez de recorrer a umas bolachas ou a um bolo para aliviar o stress, invista noutros métodos, como um banho de imersão, uma caminhada, meditação, etc.

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