Boom Festival adiado para Julho de 2022

Festival acontece de dois em dois anos na Herdade da Granja, em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco. Em 2022 irá celebrar um quarto de século.

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Crianças brincam no Boom, 2016 joão curiti

O Boom Festival 2020, cuja realização foi adiada para Julho deste ano, em Idanha-a-Nova, volta a ser remarcado para Julho de 2022, devido à pandemia da covid-19, anunciou esta quinta-feira a organização.

Em comunicado publicado na sua página da Internet, a organização do Boom Festival refere que, “devido à pandemia, não celebramos, mais uma vez, juntos no Verão de 2021”, o festival bienal cuja 13.ª edição devia decorrer entre 22 e 29 de Julho.

Deixa ainda um apelo à união da comunidade “boomer” para assinalar algo único, “a festa magna dos 25 anos, um quarto de século de Boom Festival na Terra, em 2022”, neste caso na margem direita da albufeira de Idanha, distrito de Castelo Branco, na Herdade da Granja, com 150 hectares.

“É sob os auspícios da Lua Nova, símbolo de recomeços, entre os dias 22 e 29 de Julho de 2022. Todos os bilhetes e serviços adquiridos para 2020/21 estão seguros para 2022”, lê-se na nota de imprensa divulgada.

A organização recorda todos os esforços que tem feito para realizar o Boom este Verão, e diz que continuam a estar representados em grupos de trabalho junto do Ministério da Cultura e da Direcção-Geral da Saúde (DGS), entre outras entidades oficiais.

“Desde Dezembro de 2020 têm sido feitas propostas para a produção de ‘eventos-piloto’, com políticas e regulamentos sanitários que permitam o regresso das actividades culturais, em Portugal. No entanto, a resposta do Governo até agora tem sido evasiva, nenhuma decisão oficial responde à questão real, se é ou não possível que os festivais ocorram no Verão de 2021”, afirmam.

O Boom refere que, desde 12 de Março, contactou “a DGS, por escrito, quatro vezes, e ainda não [recebeu] uma única resposta”.

“Um festival que reúne pessoas de 175 países e territórios, como o Boom, carrega uma imensa responsabilidade pelo bem-estar colectivo de toda a comunidade, e considera a condição e origem de cada “boomer” essencial para o nosso processo de tomada de decisão”, sustenta. Em 2016, a revista Rolling Stone classificava o Boom como um “festival transformacional”, distinguindo-o ao lado de outros seis com características similares, entre ele o afamado Burning Man. E algo semelhante apontou o diário The Guardian, elegendo-o para figurar entre os dez festivais europeus a conhecer. O festival foi distinguido em 2008, 2010, 2012, 2014 e 2016 com o Outstanding Greener Festival Award, o prémio mundial mais importante de eventos sustentáveis atribuído por A Greener Festival — e é, desde 2010, a convite da United Nations Environment Programme (UNEP) organismo pertencente à ONU, membro da iniciativa United Nations Music & Environment Stakeholder.

Após uma análise à situação actual, a organização lembra que existem várias restrições a voos, e as condições para viajar para Portugal, a partir da Europa e outros continentes, “permanecem bastante indefinidas”.

“Esperar que esta situação melhore significativamente, até Julho de 2021, simplesmente não é realista. Dificuldades de viagem e falta de directrizes sobre como lidar com riscos potenciais à saúde na ‘Boomland' tornam irrealista a possibilidade de iniciar a construção naquela data [1 de Abril]. Isso significa que os padrões de arte, arquitectura, design, jardins e outras áreas, seriam significativamente comprometidos”, concluem.

O festival diz também que não vai contribuir para uma experiência colectiva que possa colocar a saúde dos “boomers” em risco, ou limite suas liberdades.

“Acreditamos que a situação actual é apenas temporária, há vários sinais de cultura e festivais ressurgindo lentamente ao redor do globo. Esta dupla reprogramação também é um grande desafio para a nossa organização. Estes são tempos extremamente complexos e todo o apoio e compreensão são profundamente apreciados”, conclui a organização.

O Verão do ano passado decorreu sem os habituais festivais de música em Portugal, tendo a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) estimado uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019, pela actividade.

Este ano, há vários festivais de música marcados a partir de Junho, entre os quais o Alive (Julho), em Oeiras, o Super Bock Super Rock (Julho), em Sesimbra, o Sudoeste (Agosto), em Odemira, e o Paredes de Coura (Agosto), no distrito de Viana do Castelo, mas os promotores querem saber em que condições os poderão realizar.

Desde o final de 2020, início deste ano, associações representativas do sector iniciaram reuniões, com a tutela da Cultura, e a presença da Direcção-Geral da Saúde, em busca de soluções para retomar a actividade após o confinamento.

No início deste mês, já tinham sido anunciados os adiamentos, para 2022, do Rock in Rio Lisboa e do Primavera Sound, no Porto, previstos para Junho. Na quarta-feira, foi conhecido o adiamento do festival CoolJazz, para Julho de 2022.

O “plano de desconfinamento” do Governo, que se iniciou, de forma faseada, em 15 de Março, prevê que, a partir de 3 de Maio, possam voltar a realizar-se grande eventos exteriores e interiores, com diminuição de lotação, o que pode vir a incluir festivais.

Na apresentação do “plano de desconfinamento”, em 11 de Março, o primeiro-ministro, António Costa, salientou que o processo de reabertura será “gradual e está sujeito sempre a uma reavaliação quinzenal, de acordo com a avaliação de risco” adoptada.

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