Berlim ensaia reabertura dos teatros com os bilhetes a incluírem teste à covid-19

Já a sofrer os efeitos de uma terceira vaga, a capital alemã continua a tentar encontrar formas de abrir as suas salas de espectáculo em segurança. Novo projecto inclui apenas nove eventos, mas está a atrair muita gente.

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Fila à porta do Berliner Ensemble na passada sexta-feira Reuters/ANNEGRET HILSE
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No interior da sala os epectadores mantiveram-se distantes e de máscara LUSA/Sean Gallup / POOL

Tem o seu bilhete, o seu cartão de cidadão, a sua máscara e o resultado negativo do seu teste à covid-19 feito nas últimas 12 horas? Se a resposta é “sim”, seja muito bem-vindo ao teatro. 

Desde 19 de Março e até 4 de Abril, a cidade de Berlim está a ensaiar a reabertura dos seus espaços culturais com recurso a uma ideia aparentemente simples – ao serem vendidos, os bilhetes para uma série de nove eventos seleccionados para esta primeira experiência incluirão um teste à covid-19. Objectivo? Criar uma estratégia clara para que os teatros e outras salas de espectáculo da capital alemã possam passar a funcionar com regularidade.

Os nove eventos-piloto realizam-se, de acordo com a emissora internacional Deutsche Welle (DW), em sete locais diferentes: teatros, teatros de ópera, salas de concertos e até um clube nocturno. 

Coube ao Berliner Ensemble, a mítica sala de teatro para sempre ligada ao dramaturgo Bertolt Brecht, a honra de lançar o programa no passado fim-de-semana com duas apresentações de Panikhertz (Kiepenheuer & Witsch, 2016), uma peça baseada no romance autobiográfico em que Benjamin von Stuckrad-Barre, jornalista e escritor de grande sucesso comercial, traça o seu percurso desde a infância no seio de uma família conservadora até aos anos em que o abuso de drogas o levou a várias tentativas de desintoxicação. 

“É engraçado que tenham escolhido uma história sobre alguém que destrói a sua saúde para esta ocasião”, brincou Von Stuckrad-Barre, que subiu ao palco no fim da primeira apresentação de Panikhertz, na sexta-feira.

De acordo com o novo plano promovido pelo responsável pela Cultura na cidade, Klaus Lederer, vai ser impossível decidir ir ao teatro ou a um concerto à última da hora. Para além do bilhete, coisa que nem sempre é fácil em Berlim, sobretudo em salas como o Berliner Ensemble, é agora preciso ter um teste à covid-19 com resultado negativo realizado nas 12 horas anteriores ao começo do espectáculo. 

As novas regras agora à experiência parecem não ter afastado o público que há praticamente um ano não assiste a um espectáculo ao vivo. Segundo a DW, o director do teatro, Oliver Reese, explicou que os bilhetes disponíveis no primeiro fim-de-semana esgotaram em quatro minutos (com uma cadeira vazia entre cada lugar ocupado, o Berliner Ensemble fica com capacidade para 350 espectadores). Na Filarmónica de Berlim, os mil bilhetes disponíveis para o concerto dirigido por Kirill Petrenko também esgotaram em tempo recorde. 

Alguns dos espectadores que aguardavam a sua vez de entrar no Berliner Ensemble estavam ainda à espera do resultado do teste, reporta a DW, dando conta de que, na maior parte dos locais em que se realizam, o “veredicto” é dado a conhecer 30 minutos depois de efectuado.

Desde 8 de Março, recorde-se, os habitantes de Berlim têm direito a um teste à covid grátis por semana, sendo aconselhados a fazê-lo. 

Os planos alemães de progressivo regresso à normalidade estão a ser reequacionados, devido a um aumento dos números de infectados com o SARS-CoV-2, potenciado pela chamada “variante inglesa” deste coronavírus. A situação levou a chanceler Angela Merkel a declarar que a Alemanha enfrenta já “um novo vírus” e a ditar um confinamento rigoroso na Páscoa, plano que, entretanto, inverteu.

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