Rússia e Turquia acordam abertura de postos de controlo no Norte da Síria

Os postos irão melhorar a “situação a nível social” e reduzir “as tensões provocadas pela ruptura dos laços familiares e os incómodos do quotidiano”, disse o subdirector do centro de reconciliação russo na Síria, o contra-almirante Alexandr Karpov.

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Deslocados sírios viajam num camião em Azaz KHALIL ASHAWI/Reuters

Um ano depois do cessar-fogo na Síria, acordado entre a Rússia e a Turquia, os dois países concordaram, esta quarta-feira, abrir dois postos de controlo na zona de distensão de Idlib e um na província de Alepo, de acordo uma fonte russa.

Os novos postos de controlo de Saraqeb, Miznas e Abu Azeidin visam “acabar com o isolamento face ao bloqueio interno de civis”, segundo o subdirector do centro de reconciliação russo na Síria, o contra-almirante Alexandr Karpov, citado pela agência Interfax. 

Os centros, situados em zonas controladas pelas forças armadas turcas, estavam prontos para entrar em vigor desde Fevereiro. Não foram abertos devido às “actividades dos grupos armados ilegais” que operam na zona. No que diz respeito à província de Idlib, é o último bastião dos grupos rebeldes e jihadistas na Síria, controlados principalmente por um ex-ramo sírio da Al-Qaida, na província de Idlib.

A presença dos postos, acrescenta o militar, levará, assim, “a uma melhoria da situação a nível social e a uma redução das tensões provocadas pela ruptura dos laços familiares e os incómodos do quotidiano”.

Ainda em Fevereiro, tinha sido aberto um corredor para os civis que desejem sair da província de Idlib, de modo a que a população possa ir para zonas sob controlo do regime de Bashar al-Assad, de acordo com agência espanhola EFE.

A iniciativa, que partiu da Rússia, é encarada por Karpov como “uma demonstração directa para a comunidade internacional e regional do (…) apego a uma solução pacífica para a crise síria”.

Essa solução pacífica também passou pelo cessar-fogo, acordado há um ano, para acalmar as ofensivas: da Rússia, em apoio ao regime de Bashar al-Assad, e da Turquia, que apoiava os grupos rebeldes, defendendo ao mesmo tempo os seus interesses. Mas, como disseram os locais à Reuters, a calma é ocasionalmente interrompida por ataques russos aos postos de rebeldes e por milícias apoiadas pelos regimes sírio e iraniano.

E a instabilidade do país perdura, dez anos depois do início da revolução que deu origem a uma violenta guerra civil que ainda tem as feridas expostas. Além dos quase 400 mil mortos e mais de 11 milhões de deslocados e refugiados, o país tem uma economia destruída e uma crise sanitária por combater. 

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