Economia alemã corta nas expectativas de crescimento para 2021

Continuação da crise pandémica obriga a rever perspectivas apresentadas há três meses, apesar de se esperar um nível de desemprego mais baixo.

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A Marienplatz, no centro de Munique, reflecte a nova vaga de restrições adoptadas pela governação alemã antes da Páscoa LUSA/LUKAS BARTH-TUTTAS

Bastou um trimestre de 2021 para perceber que as contas sobre o comportamento da maior economia europeia tinham de ser revistas. Após um ano com uma quebra de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 (a maior desde a crise financeira de 2008), a Alemanha perspectivava uma recuperação de 4,2% em 2021. Mas a continuação da crise pandémica, com novas medidas restritivas da actividade económica, levou o instituto de investigação económica Ifo a rever as contas, baixando aquela estimativa em meio ponto percentual (pp), para 3,7%.

É o segundo corte nas perspectivas para 2021, já que há cerca de um ano se previa um crescimento de 5,1%. Entre empresários, o clima até tinha melhorado em Fevereiro, mostrando maior optimismo do que no mês anterior. A confiança dos gestores crescera pela primeira vez em cinco meses, numa altura em que o país começava a desconfinar, aliviando algumas restrições adoptadas em Novembro de 2020, a começar pelas escolas.

Porém, a poucos dias da Páscoa e de mais um período de confinamento devido ao crescimento do número de infecções graças à maior prevalência da variante inglesa do SARS-CoV-2, o clima de confiança parece estar a ser abalado, mais uma vez.

As previsões anunciadas esta quarta-feira até apontam para um recuo no nível de desemprego este ano, com uma quebra da taxa de 0,1 pp, para 5,8%. Porém, os custos de todas as restrições à actividade económica não param de subir, afectando praticamente todas as componentes do PIB.

Nestas previsões da Primavera, o Ifo corta para quase metade a perspectiva de crescimento do consumo privado e o investimento em formação de capital fixo, agora esperando mesmo uma quebra de o,5% na construção, sector que, nas previsões de Inverno, se estimava que iria contribuir com um crescimento de 1,5%.

Com a procura interna igualmente em queda, na estimativa do Ifo só se salva o consumo público, que terá uma variação mínima (-0,1 pp), e as exportações de bens e serviços, que deverão crescer 10,8% e não 8,8%, como se apontava na estimativa de há três meses.

Mesmo neste cenário, e graças a um crescimento económico, a Alemanha espera manter uma trajectória de correcção do défice público, que deve baixar de 140 mil milhões em 2020 para 123 mil milhões em 2021 e para 61,2 mil milhões no próximo ano.

O sempre criticado superávite alemão na balança de transacções correntes continuará a crescer, de um excedente de 7% do PIB para 7,8% em 2021, reflectindo um aumento de 232 mil milhões para 275,6 mil milhões de euros. A balança de transacções correntes traduz a diferença entre a entrada e a saída de bens, serviços, rendimentos financeiros como dividendos e juros e transferências de capitais entre países.

A inflação, por seu lado, deverá situar-se nos 2,4% e não nos 1,6% anteriormente estimados e os custos unitários do trabalho deverão cair menos, 0,7% em vez de 1,4%.

Para 2022, pelo contrário, a perspectiva do Ifo até melhora, face à previsão apresentada em Dezembro, com um crescimento de 3,2% do PIB em vez de 2,5%.

O governo alemão prevê um crescimento de 3% em 2021 e um regresso a um nível anterior ao da crise a meio de 2022. 

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