Covid-19: distúrbios de sono nas crianças podem estar associados a pior higiene oral

No estudo, no qual participaram 253 pais de crianças com idades entre os três e os 15 anos, os investigadores avaliaram as características sociodemográficas, as actividades escolares das crianças online e a qualidade do sono.

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Estudo avaliou a percepção que os pais tinham sobre a higiene oral e do sono dos filhos Unsplash

Investigadores do Instituto de Investigação e Formação Avançada em Ciências e Tecnologias da Saúde (IINFACTS) concluíram que os distúrbios de sono nas crianças durante o confinamento podem estar associados a “uma pior higiene oral”, foi revelado nesta segunda-feira.

Em declarações à agência Lusa, Sofia Baptista, investigadora do IINFACTS e médica odontopediatra no Hospital da Lapa, no Porto, explicou que o estudo visava perceber “a percepção dos pais sobre a qualidade da higiene oral das crianças e as mudanças na rotina” durante o primeiro confinamento devido à covid-19. “Queríamos saber que percepção é que os pais tinham sobre a higiene oral e do sono dos filhos. Se tinha alterado alguma coisa, efectivamente, na fase de confinamento e, nesse sentido, avaliámos tendo por base uma escala de distúrbios do sono para crianças”, afirmou a médica dentista.

No estudo, no qual participaram 253 pais portugueses e brasileiros de crianças com idades entre os três e os 15 anos, os investigadores e médicos avaliaram as características sociodemográficas, as actividades escolares das crianças online e a qualidade do sono. Segundo Sofia Baptista, “a maioria dos pais (72,2%) reportou que as crianças tinham alterado, de facto, as suas rotinas durante o primeiro período de confinamento e, consequentemente, isolamento social”.

Paralelamente, “quase 50% das crianças alteraram a sua qualidade do sono” e “cerca de 30% dos pais reportaram que os seus filhos estavam a piorar a higiene oral”. “O sono e a higiene oral fazem parte de uma rotina. Se temos crianças que dormem pior, temos crianças que vão aceitar menos uma rotina que é normal, vão estar mais sonolentas e maldispostas. O período de higiene oral é suposto ser um período divertido ainda que com toda a seriedade imposta para termos uma boa saúde”, acrescentou a investigadora do instituto com sede na Gandra, no concelho de Paredes, no distrito do Porto.

Manter as rotinas de higiene oral permite assegurar que a cavidade oral, os dentes e a gengivas estão limpos e saudáveis, mas “também permite ajudar a prevenir doenças, contribuindo muito para a qualidade de vida e saúde física e psicológica das crianças”. “Se a higiene oral não é realizada com tanta frequência ou tanta eficácia porque a criança está sonolenta ou maldisposta, é expectável que se espere um aumento da cárie dentária”, alertou a investigadora.

À Lusa, Sofia Baptista, que liderou o estudo com a investigadora Júnia Maria Serra-Negra, adiantou que esta é uma temática importante para investigação na área da odontopediatria. “O estudo ficou em aberto, até porque é importante explorarmos esta questão, vermos directamente com as crianças e perceber se existe uma evolução melhor ou pior tendo em conta o que é reportado em termos de sono e associado à saúde oral”, afirmou. O estudo foi realizado por uma equipa de médicos-dentistas portugueses e brasileiros.

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