Costa afirma que adiar congresso seria um erro e defende autárquicas num só dia

Secretário-geral socialista também terá dito, no interior da reunião, que realizar as eleições autárquicas em dois dias é uma “sem sentido”.

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António Costa, secretário-geral do PS Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PS defendeu, na comissão política nacional do partido que se realizou neste sábado, em Lisboa, o modelo descentralizado de congresso proposto pela direcção e considerou que seria um erro adiá-lo, como sugeriu o dirigente Daniel Adrião. António Costa também terá aproveitado a reunião para considerar "sem sentido" a ideia de realizar eleições autárquicas em dois dias, preferindo que elas se realizassem apenas num dia, como aconteceu nos Açores ou nas presidenciais.

Estas posições, segundo fontes socialistas, foram assumidas na reunião da comissão nacional do PS, que aprovou uma proposta da direcção no sentido de que o próximo congresso se realize nos dias 10 e 11 de Julho, com os cerca de dois mil delegados distribuídos por 13 pontos diferentes do país. Um modelo misto, presencial e por videoconferência, que foi muito contestado pelo líder da tendência minoritária na comissão política do PS, Daniel Adrião.

“Quanto às orientações e aos regulamentos apresentados pelo secretariado nacional do PS relativamente à eleição do secretário-geral e ao congresso nacional, traduzem uma mudança radical das regras do jogo, que configura o que se designa por um golpe de secretaria. Não há outra forma de classificar o que se está a passar”, sustentou.

Sem se referir directamente a esta intervenção, António Costa considerou que o PS, no plano teórico, perante a actual situação sanitária do país, até poderia ter optado por voltar a adiar a realização do seu congresso, “mas isso seria um erro”.

O secretário-geral do PS defendeu então que a realização do congresso em Julho “é essencial para a preparação das eleições autárquicas” e, por outro lado, um novo adiamento, por exemplo para 2022, “até comprometeria a preparação das eleições legislativas” por parte do seu partido.

Ou seja, se o congresso do PS fosse adiado para 2022, o seguinte só teria lugar em 2024. E se a actual legislatura chegar ao fim, as eleições legislativas realizam-se em Outubro de 2023.

Ainda para procurar demonstrar que não há alternativa ao actual modelo misto de congresso, o líder dos socialistas apontou que o PS nunca poderia fazer um “grande congresso presencial” em situação de pandemia.

A outra alternativa passaria por realizar um congresso pequeno e totalmente presencial. Mas isso ainda diminuiria mais a representatividade de cada estrutura”, alegou o secretário-geral do PS.

De acordo com fontes socialistas, a proposta de modelo de congresso foi defendida pelo secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, que disse que a sua organização já realizou “com bons resultados” um congresso online.

Também os sindicalistas José Abraão (UGT) e Carlos Trindade (CGTP-IN) advogaram que o PS, partido com responsabilidades de Governo, não poderia realizar um congresso totalmente presencial em conjuntura de epidemia de covid-19.

Um dia para votar nas autárquicas

Em matéria de eleições autárquicas, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, advertiu que os socialistas não irão entrar “numa guerra mediática” de apresentação de nomes de candidatos e deixou várias críticas ao PSD.

Segundo José Luís Carneiro, o PSD está a procurar juntar-se “a uma série de movimentos independentes em todo o país”, de forma a “encobrir a sua falta de projecto para as autarquias”.

“Com este estratagema, a direcção do PSD tenta encontrar uma saída airosa na noite das eleições autárquicas. A preocupação é dizer que o PSD, afinal, até ganhou mais câmaras do que em 2017”, referiu o “número dois” da direcção dos socialistas.

De acordo com o Expresso e o Observador, ainda em matéria de autárquicas, António Costa terá deixado claro que a ideia de realizar as eleições autárquicas em dois fins-de-semana ou em dois dias não lhe agrada, considerando-a “perigosa” e “sem sentido”.

Foi o ministro Eduardo Cabrita que esta semana, em entrevista à agência Lusa, colocou a hipótese, que logo foi comentada por vários partidos. O secretário-geral do PS terá mostrado a sua preferência pela realização das eleições num único dia, à semelhança do que aconteceu nos Açores ou nas presidenciais.

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