Portugal na linha da frente: de startup a unicórnio

A aceleração da transição digital e a afirmação internacional de Portugal enquanto líder digital exigem uma ambição ainda maior.

Há precisamente um ano, antes do primeiro confinamento, foi apresentado o Plano de Ação para a Transição Digital nacional, com o propósito de fazer do Digital o motor de aceleração e transformação económica do nosso país, sem deixar ninguém – e nenhuma região – para trás.

O objetivo é posicionar Portugal como Nação Digital através da capacitação e inclusão digital dos cidadãos, da transformação digital do tecido empresarial e da digitalização do Estado.

Portugal aproveita, agora, a Presidência do Conselho da UE para iniciar um novo ciclo do empreendedorismo europeu, e com novo fôlego, posicionando a Europa como verdadeiro Startup Continent.

O ecossistema de startups desempenha um papel duplamente diferenciador e relevante: na recuperação económica conjuntural em resposta à crise pandémica e económica, e também na transição estrutural para um modelo de economia mais competitivo.

No âmbito do Digital Day, foi assumido um consenso histórico entre os Estados-membros em relação a vários domínios da Transição Digital. Portugal reforçou o seu papel na linha da frente desta missão, através da criação da Europe Startup Nations Alliance – Aliança Europeia das Nações para o Empreendedorismo, que se irá materializar numa estrutura permanente europeia para a área do empreendedorismo, com sede no nosso país e com o apoio da Comissão Europeia.

Acreditamos que esta estrutura servirá de catalisador e como convocatória mobilizadora de todos os Estados-membros para o desígnio da digitalização. O objetivo é que seja a principal fonte de informação e a grande promotora do ecossistema europeu de empreendedorismo, permitindo atrair investimento, talento e startups, a partir de Lisboa.

A União Europeia tem uma identidade única e deverá ser essa a sua maior força: um forte compromisso ético, materializado num inegociável respeito pelos direitos individuais e pelos valores democráticos, numa área tão sensível como é a do digital.

Nenhuma outra geografia colocou a fasquia tão alta. Num momento em que todos estamos conscientes dos desafios da informação e da privacidade dos nossos dados, a Europa estabelece um standard mundial de transparência e credibilidade indutor de confiança nos cidadãos e consumidores. Este rigor pode – e deve – ser o fator diferenciador e de atração de novos investimentos, assumindo-se como a nossa imagem de marca no relacionamento com outros países e regiões.

O chamado European Way of Doing Business, sobretudo quando transposto para o contexto Digital, permite olhar para a Europa como o parceiro confiável.

Mas há desafios que persistem. Desde a fragmentação e heterogeneidade regulatória entre Estados-membros à dificuldade da Europa em reter as suas próprias startups, que insistem em rumar a outras geografias em troca de investimentos de maior escala.

O trabalho que Portugal tem pela frente passará, seguramente, por uma harmonização e implementação destes standards em todos os Estados-membros. Precisamos, assim, de uma política europeia coordenada e que permita fazer convergir as agendas nacionais.

A aceleração da transição digital e a afirmação internacional de Portugal enquanto líder digital exigem uma ambição ainda maior. Percorremos um longo caminho e já somos reconhecidos, internacionalmente, como uma Startup Nation que caminha, a passos largos, para se tornar uma sólida nação digital.

Tal como uma startup: temos vindo a crescer, ganhar reputação, apostar no nosso talento. Mas queremos mais, inaugurando este novo capítulo do empreendedorismo europeu. E, assim, Portugal alcançará o patamar de unicórnio.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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