Samia Suluhu toma posse como primeira mulher chefe de Estado da Tanzânia

Já tinha sido a primeira vice-Presidente na história do país africano e agora assume o lugar de John Magufuli, que morreu esta semana.

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Tanzânia está de luto desde a morte do Presidente John Magufuli Reuters/STRINGER

A vice-Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado neste país da África Oriental, após a morte do Presidente tanzaniano, John Magufuli, na quarta-feira.

Samia Suluhu Hassan tomou posse numa cerimónia transmitida pela televisão, na capital económica do país, Dar es Salaam, em que participaram vários membros do Governo e antigos Presidentes, incluindo Jakaya Kikwete, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com a Constituição da Tanzânia, a vice-Presidente deve ocupar agora a presidência do país até ao final do mandato de Magufuli, que expira em 2025.

Foi precisamente Suluhu Hassan quem anunciou a morte de Magufuli na noite de quarta-feira, num discurso à nação que pôs fim a semanas de especulação sobre a ausência do chefe de Estado, reeleito em Outubro, que não era visto desde final de Fevereiro.

Natural do arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, cujas relações com a Tanzânia continental são historicamente tensas, Suluhu Hassan era já a primeira vice-Presidente da história do seu país, tendo concorrido ao lado de Magufuli quando este chegou ao poder, em 2015.

Nascida em 27 de Janeiro de 1960 em Zanzibar, com um pai professor e mãe dona de casa, Suluhu Hassan é mestre em Desenvolvimento Económico Comunitário pela Universidade Livre da Tanzânia e pela Universidade do Sul de New Hampshire, nos Estados Unidos da América.

Iniciou a sua carreira profissional no Governo de Zanzibar, onde trabalhou entre 1977 e 1987, desempenhando funções administrativas e, mais tarde, como responsável pelo desenvolvimento.

Ainda no arquipélago semi-autónomo, juntou-se ao Programa Alimentar Mundial e, mais tarde, dirigiu a associação de organizações não-governamentais (ONG) locais durante dois anos.

A sua carreira política teve início em 2000, com a nomeação para deputada no parlamento de Zanzibar pelo partido presidencial Chama Cha Mapinduzi (CCM), que ainda hoje se mantém no poder. Por este partido viria a ser eleita para a Assembleia Nacional tanzaniana.

Ao longo da carreira política, Suluhu Hassan desempenhou várias vezes o cargo de ministra. Primeiro em Zanzibar, entre 2000 e 2010, como ministra das Mulheres e Juventude, depois do Turismo e Comércio, e, a nível nacional, foi ministra dos Assuntos Sindicais, sob o antigo Presidente Jakaya Kikwete.

Depois das eleições de 2015 e com a conquista do lugar de vice-Presidente, um papel que normalmente fica em segundo plano, Suluhu Hassan era o rosto da Tanzânia no estrangeiro, representando regularmente Magufuli.

A muçulmana, de 61 anos, junta-se assim a Sahle-Work Zewde, Presidente da Etiópia, embora esta última desempenhe um papel mais cerimonial.

Magufuli morreu na quarta-feira aos 61 anos devido a doença cardíaca em Dar es Salaam, capital económica da Tanzânia.

De acordo com as autoridades, o Presidente estava internado num hospital desde a semana passada por doença e “tinha um problema cardíaco há vários anos”.

Há semanas que circulavam rumores sobre a saúde de Magufuli, que davam conta de que teria procurado ajuda médica no estrangeiro, depois de ter sido infectado com o novo coronavírus, de acordo com a oposição no país.

Magufuli era um dos mais proeminentes negacionistas africanos da gravidade do novo coronavírus, tendo afirmado que a Tanzânia estava “livre” de covid-19, em virtude das orações dos tanzanianos.

Reeleito em Outubro, Magufuli, apelidado de “bulldozer”, chegou ao poder em 2015, prometendo combater a corrupção.

O seu primeiro mandato foi marcado, segundo muitas organizações de direitos humanos, por uma deriva autoritária, repetidos ataques à oposição e o recuo das liberdades fundamentais.

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