Covid-19: Ministro da Saúde do Equador demite-se ao fim de menos de 20 dias no cargo

Rodolfo Farfán recusou-se a entregar à Justiça uma lista com as pessoas vacinadas no país. A má gestão da pandemia levou o seu antecessor a abandonar o país um dia depois de se demitir.

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O Equador regista mais de 16 mil mortos por causa da covid-19 Jose Jacome/EPA

A má gestão da pandemia no Equador cobrou mais um ministro da Saúde, desta vez um que nem teve tempo de aquecer o lugar. Rodolfo Farfán apresentou esta sexta-feira a sua demissão, depois de passar o prazo que lhe tinha sido dado pela Justiça para entregar a lista das pessoas que já foram vacinadas contra a covid-19.

“Por motivos estritamente pessoais, vejo-me obrigado a apresentar a minha renúncia irrevogável ao cargo de ministro da Saúde”, escreveu Farfán na sua carta de demissão, a que o jornal El Comercio teve acesso. “Agradeço ao Presidente a confiança depositada em mim, ao permitir que servisse o país a partir da esfera pública”, acrescentou o agora ex-ministro.

Segundo a Europa Press, Farfán alegou motivos de “confidencialidade” para não entregar a lista de vacinados no Equador que um juiz lhe deu 15 dias para fazer.

O ministro demissionário tomou posse da pasta no dia 1 de Março, substituindo Juan Carlos Zevallos, que esteve quase um ano no cargo e cuja gestão mereceu muitas críticas, nomeadamente o plano de vacinação estabelecido pelo seu ministério. Zevallos abandonou o país no dia seguinte à sua demissão do cargo.

Farfán estava a ser alvo das mesmas críticas que já tinham levado à demissão do seu antecessor, a “vacinação privilegiada” de determinadas pessoas do poder ou próximas do poder, como a sua própria mãe.

O portal La Posta divulgou esta sexta-feira que entre os que conseguiram furar a lista e ser dos primeiros a serem vacinados estão a mulher do Presidente Lenín Moreno, Rocío González, o ministro da Defesa, Oswaldo Jarrín, e até Fredy Miño, o funcionário da presidência que empurra a cadeira de rodas do chefe de Estado. Também entre os privilegiados estão o ex-Presidente Oswaldo Hurtado e o ex-ministro da Economia Pablo Better.

Farfán foi o quarto ministro da Saúde de Lenín Moreno, cujo mandato presidencial termina dentro de dois meses e foi o terceiro a demitir-se durante a pandemia, que já causou mais de 16 mil mortos. Moreno tornou-se tão impopular que nem sequer concorreu à reeleição, cumprindo apenas um mandato.

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