Moda e vestir em tempo de pandemia

O uso generalizado de máscaras trouxe consigo uma alteração substancial das formas de apresentação de si, e essa alteração foi mais contestada nas zonas do globo que não deram continuidade à prática de saúde pública que havia sido iniciada na Europa no princípio do século XX.

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Por influência da cultura pop asiática — e para responder ao mercado a ela associado — o mundo da moda já iniciara a produção e o consumo de máscaras, como acessórios, alguns anos antes da pandemia Edward Berthelot/Getty Images

A pandemia que se iniciou em Wuhan, na China, nos finais de 2020, afetou o mundo da moda de diversas maneiras. Para lá da desaceleração, comum a outras atividades, ela trouxe consigo uma alteração imediata dos grandes rituais celebrativos que eram, até então, as Fashion Week e, dentro delas, os desfiles de moda, bem como alterações nos modos de vestir, sendo o uso massivo de máscara a mais evidente. Em Fevereiro de 2020, enquanto a Fashion Week de Milão decorria, a informação relativa ao número de casos de pessoas infetadas por Covid-19 na Lombardia começou a tornar-se preocupante. O desfile de Giorgio Armani estava marcado para dia 23, mas, nesse mesmo dia, o criador de 86 anos cancelou os convites e anunciou que o evento seria transmitido em direto no site da marca e nas redes sociais. Foi o primeiro efeito direto da pandemia sobre o mundo da moda. As Fashion Week eram um complexo ritual no interior do qual os desfiles apareciam como os momentos performativos mais densos. Mobilizavam milhares de pessoas e correspondiam a muitos milhões de euros de retorno para cidades como Milão, Paris e Nova Iorque. A 3 de Abril, o patriarca italiano que se tinha revelado prudente ao cancelar o evento, publicou uma carta aberta no Women’s Wear Daily em que dava conta de todas as contradições que o mundo da moda estava a viver e que, num momento de pandemia, deveriam, segundo ele, ser equacionadas e enfrentadas

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