Albuquerque fala em motivações políticas, oposição diz que já tinha avisado

“Eu não estou acusado de nada, nem estou condenado por nada”, disse Albuquerque, um dia após as buscas da PJ que investigam a concessão da zona franca da Madeira.

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LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, fala em “coincidência”. O actual, Miguel Albuquerque, aponta “motivações políticas”. Um dia depois de a Polícia Judiciária, a mando do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), ter efectuado uma série de buscas a departamentos do governo madeirense e a duas empresas, num âmbito de uma investigação relacionada com suspeitas da “prática de crimes de prevaricação, corrupção e participação económica em negócio”, cujo principal visado é o próprio Albuquerque, as reacções políticas marcaram o dia no Funchal.

O chefe do executivo madeirense, à margem de uma visita a um percurso pedestre, reiterou aos jornalistas que o governo regional está a colaborar com a justiça e não tem nada a esconder. “Eu não estou acusado de nada, nem estou condenado por nada. Eu sempre actuei dentro dos padrões éticos e vou continuar a fazê-lo”, disse, distinguindo eventuais “decisões erradas” de actos ilícitos. Já Jardim, num comentário escrito no Facebook, responsabilizou PS e Bloco pelo “ruído” à volta da zona franca.

À esquerda, o líder do PS-Madeira, Paulo Cafôfo, diz que este assunto, a exploração da zona franca, tem merecido a atenção do partido, mostrando-se convicto de que a verdade será apurada. Mais crítico, Paulino Ascenção, do Bloco, recorda as posições do partido sobre esta matéria, dizendo ser inaceitável que quem governa use esse poder para “resolver a sua vidinha pessoal”.

Na origem da investigação está uma queixa apresentada pelo antigo deputado independente na assembleia madeirense Gil Canha, sobre alegadas ligações entre a venda de uma unidade hoteleira da família de Albuquerque, a Quinta das Rosas, a um fundo imobiliário que seria controlado pelo Grupo Pestana. Um negócio que foi concluído no mesmo ano em que o governo decidiu prorrogar, por ajuste directo, a concessão da zona franca da Madeira a uma empresa do universo do mesmo Grupo Pestana. Uma ligação que o grupo hoteleiro já rejeitou, dizendo, em comunicado, que “não é, nem nunca foi” accionista ou detentor de participação da sociedade gestora do fundo.

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