Concertos, teatro, visitas guiadas (e não só): está tudo na nova plataforma cultural de Guimarães

O site “em Guimarães” é apresentado esta quinta-feira pela autarquia vimaranense. A nova plataforma agrega, para já, mais de 40 conteúdos filmados desde o início da pandemia, mas também servirá de agenda digital. Representa um investimento “de mais de 100 mil euros” pela Câmara Municipal.

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Músico Dada Garbeck Paulo Pimenta

Quando se pensa nos locais emblemáticos de Guimarães, dificilmente se encontrará uma lista que inclua o telhado do Centro Cultural Vila Flor. Mas a verdade é que, dali, vê-se quase tudo: as montanhas que circundam o concelho, as casas que sobem a encosta da montanha da Penha, o palácio do Paço dos Duques com o castelo nas suas costas. E se estas vistas fossem acompanhadas de uma banda sonora que cruza “o som electrónico e atmosférico dos sintetizadores com a música tradicional portuguesa”?

É o que acontece num concerto ao pôr-do-sol de Dada Garbeck, projecto do vimaranense Rui Souza. Este é um dos “mais de 40 conteúdos” gravados já disponíveis da plataforma “em Guimarães”, que a autarquia apresenta esta quinta-feira. No novo site, para além de concertos em locais mais ou menos inusitados, há performances artísticas, visitas guiadas e informações sobre os museus da cidade. A plataforma servirá ainda de agenda cultural, substituindo a que já existia, e terá um espaço dedicado para um directório de artistas. Por ali também se poderá assistir a espectáculos ao vivo: a estreia caberá ao Festival Internacional de Música Religiosa, cujo programa será apresentado esta quinta-feira. 

Inicialmente, o objectivo passava apenas pela criação da agenda cultural digital. Contudo, e “em função do que foi o último ano”, a autarquia decidiu “fazer alterações à plataforma para torná-la mais versátil”, explica Paulo Lopes Silva, adjunto da vereação da Cultura e responsável pelo projecto. Por isso, “em Maio do ano passado”, a autarquia começou a fazer convites a artistas e associações culturais vimaranenses (ou “com actividade centrada” no concelho) para iniciar a gravação de conteúdos para o projecto. Por isso, foram chamadas “empresas do sector audiovisual locais”, seguindo-se “um princípio de rotatividade”. A plataforma representa “um investimento de mais de 100 mil euros” pela autarquia.

Rui Souza destaca a possibilidade que os artistas têm de “mostrar trabalho na sua plenitude, com bom trabalho e bom som, por via digital” na plataforma. Mas não só: “Com a plataforma, chega-se a mais gente e pode-se mostrar este concerto a programadores culturais.” Para o músico, a exposição já deu frutos: através do vídeo gravado para a plataforma, que foi pago, Dada Garbeck já tem concertos marcados e recebeu contactos de alguns programadores.

A plataforma é de acesso gratuito, tal como os vídeos e informações disponíveis. No entanto, também é possível submeter conteúdos que só poderão ser vistos mediante pré-pagamento. “Mas é algo que fica como gestão dos próprios artistas e associações”, esclarece Paulo Lopes Silva. A Associação Astronauta, por exemplo, poderá optar por essa via. Por agora, tem dois conteúdos gratuitos na plataforma. Um deles leva o espectador pelas ruas do Centro Histórico da UNESCO, ao mesmo tempo que conta a história do concelho, “de Afonso Henriques a Martins Sarmento”. Luís Canário Rocha, membro da associação, considera que o site é “uma solução para os agentes culturais de Guimarães mostrarem o seu trabalho e conseguirem catalogar e gravar de uma forma mais profissional”.

A visita guiada já tinha sido apresentada através de plataformas de streaming no feriado municipal de 24 de Junho, evocativo da Batalha de São Mamede. Agora, editada para o novo site, pode ser “uma sugestão de visita a Guimarães na perspectiva cultural”, aponta Paulo Lopes Silva. Porque, para além da descarga cultural que concentra em si, a plataforma “em Guimarães” também serve de cartão de visita à cidade. Mesmo para quem já lhe conheça as ruas há muito tempo: afinal, subir ao telhado do Centro Cultural Vila Flor não é assim tão usual.

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