O poder das imagens de Hannah McKay na vigília por Sarah Everard, a jovem assassinada a caminho de casa

A fotógrafa da Reuters confessa que se identificou com as centenas de mulheres que se juntaram para homenagear a jovem britânica que terá sido assassinada por um agente da polícia, em Londres.

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Boris Johnson
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,Planta com flor
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Clapham Common Bandstand
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Cressida Dick
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Toronto
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Londres
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Oculos escuros
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No sábado, Hannah McKay chegou cedo a Clapham Common, junto ao coreto, em Londres, onde foi feito um memorial em honra de Sarah Everard, a mulher de 33 anos que desapareceu naquele local, depois de ter saído da casa de um amigo e enquanto seguia para a sua residência, na noite de 3 de Março. A profissional de marketing foi encontrada morta no passado dia 12, três dias após ter sido detido um polícia, acusado da sua morte.

A fotógrafa da Reuters, Hannah McKay, que é da mesma idade que Sarah Everard, conta ao The Lily, o site de lifestyle do The Washington Post, que começou por captar imagens do coreto que se ia enchendo de flores, pequenos objectos, dedicatórias e palavras de ordem, deixadas sobretudo por mulheres. Oito em cada pessoas que ali se foram juntando, desde o início da tarde, eram mulheres entre os 20 e os 40 anos, recorda.

O que começou por chamar a atenção à profissional foi a comoção que se sentia. E é isso que as suas imagens daquela tarde transmitem, a dor de quem ali chega e se identifica com a mulher assassinada quando ia a caminho de casa. Esse é um medo que a maioria das mulheres tem e com o qual Hannah McKay se identifica, afirma. “Não posso comentar como é que os homens se sentem, mas posso dizer que me identifico com [o receio] de andar sozinha à noite”, declara ao The Lily.

Segundo um inquérito do YouGov feito a mil mulheres britânicas, publicado pelo The Guardian, 97% das jovens entre os 18 e os 24 anos afirma já ter sido vítima de assédio sexual, enquanto 80% das mulheres de todas as idades declara ter sofrido assédio sexual em espaços públicos. “Estamos perante uma situação em que as mulheres mais jovens estão constantemente a modificar o seu comportamento na tentativa de evitar serem objectificadas ou atacadas; e mulheres mais velhas relatam sérias preocupações sobre a sua segurança pessoal se saírem de casa quando escurece, mesmo durante o dia no Inverno”, denuncia Claire Barnett, directora-executiva da ONU Mulheres do Reino Unido, citada pelo The Guardian.

Depois das velas, das flores e das homenagens, começaram a chegar pessoas com megafones a Clapham Common — que fica no Sudoeste de Londres e foi o último sítio onde Sarah Everard foi vista com vida. “Não via tanta gente junta num único sítio desde os protestos do Black Lives Matter no Verão passado”, diz a fotógrafa da Reuters. Entretanto, o dia ia chegando ao fim, continua. Ali estariam cerca de mil pessoas quando a polícia chegou. É então que a tensão aumenta. “Foi possível sentir uma mudança no ambiente que se vivia”, testemunha Hannah McKay.

Das imagens que mostram a tristeza e a emoção, a profissional capta as da dimensão que a vigília foi tomando e depois as dos confrontos. “Para mim, trata-se apenas de mostrar o que está a acontecer no terreno. É sobre estar atenta para mostrar o que está a acontecer.” A vigília terminou com confrontos e pelo menos quatro pessoas foram detidas por violação das restrições impostas pelo Governo no âmbito do combate à covid-19. Ainda antes do ajuntamento, a Polícia Metropolitana de Londres alertara que qualquer vigília seria “ilegal e insegura”. Contudo, as forças de segurança foram fortemente criticadas pela violência da sua intervenção.

Hannah McKay captou o momento em que uma mulher ruiva, de rosto sério, vestida de escuro é detida pelos agentes com os seus casacos fluorescentes. A mulher olha directamente para a objectiva. A imagem viajou pelo mundo e tornou-se viral. Apesar de ter ficado surpreendida, a fotógrafa compreende o impacte internacional que tem o assassínio de Sarah Everard. “Deixou de ser uma história local trágica de Londres, tornou-se uma história nacional e, no sábado à noite, tornou-se global”, refere, justificando: “É sobre a segurança das mulheres. Uma mulher sai de casa de um amigo de regresso à sua e uma tragédia destas acontece. Definitivamente, trouxe muita emoção às pessoas que se revêem, que reflectem as suas próprias experiências e o desejo de mudança.”

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