Sonae: um milhão de árvores para compensar CO2 e homenagear Belmiro de Azevedo

Custo anual de manutenção da “floresta Sonae” será de 16 milhões de euros, mas “não pretende ser novo negócio” do grupo.

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Rui Gaudencio

A Sonae tem vários vícios, segundo as palavras de Cláudia Azevedo, que os apresentou esta quinta-feira. Um deles é ser “viciada em crescer com rentabilidade – só assim se cria riqueza e emprego para o país”, disse a presidente executiva da empresa, considerando que isso ficou visível no aumento de 6,2% nas vendas, para um recorde de 6,8 mil milhões de euros e a criação de cerca de 1500 empregos no último ano.

De seguida, surge “o vício da inovação, da aposta no digital”, disse, destacando a capacidade colocar boa parte dos trabalhadores em teletrabalho, e de conseguir mais do que duplicar as vendas online, para 480 milhões de euros.

“Mas também somos viciados em contribuir”, adiantou a CEO, incluindo aqui o apoio à comunidade (14 milhões de euros em 2020) mas também o compromisso com o planeta, onde entra, entre outras iniciativas, a redução do plástico (73% das embalagens de plástico recicláveis), a redução das emissões de CO2 em 18% face a 2019, e antecipação em uma década (para 2040) do desígnio da neutralidade carbónica.

É nas preocupações ambientes, para antecipar aquela meta, que entra o projecto de criação da “floresta Sonae”, que será uma das maiores florestas privadas de Portugal, com mais de um milhão de árvores, numa área de 1100 hectares, no concelho de Mangualde.

“Este projecto é também uma homenagem muito sentida ao meu pai [Belmiro de Azevedo, falecido em 2017], que sempre lutou imenso pela floresta portuguesa”, declarou Cláudia Azevedo durante a habitual conferência de imprensa de apresentação de contas, onde fez duras críticas ao Governo e à Assembleia da República, por causa das rendas dos centros comerciais, mas também ao regulador das telecomunicações (Anacom), por causa do concurso de 5G, que “não tem pés nem cabeça”, a fazer lembrar estilo acutilante do fundador da Sonae (empresa proprietária do PÚBLICO).

A floresta Sonae é um projecto criado em parceria com a Sonae Arauco, a Sonae Capital e a Sonae Indústria, e obedecerá a critérios de biodiversidade das espécies e de prevenção de incêndios.

“É um projecto que abraçamos com carinho” referiu a gestora, assegurando que “não pretende ser um novo negócio, mas será uma floresta produtiva”, para compensar as emissões de CO2 da frota do grupo.

O custo anual de manutenção da floresta será de 16 milhões de euros, a suportar pelas várias empresas, e ficará a cargo da Sonae Arauco. 

A plantação já começou, “mas são um milhão, é capaz de demorar um bocadinho”, salvaguardou Cláudia Azevedo.

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