Morreu Calvin Esparguete, o gato lisboeta que gostava de pular a cerca

O gatinho mais conhecido e adorado da Colina de Santana morreu esta terça-feira aos 18 anos. Para trás deixa muitas amizades, banhos ao sol e um livro onde se contam as suas escapadelas mais memoráveis pelos bairros lisboetas.

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Daniel Rocha
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Calvin Esparguete, o felino mais adorado da Colina de Santana, morreu esta terça-feira aos 18 anos — mais de 80 em anos de gente. O gatinho cinzento e de olhos verdes ficou conhecido pelo espírito aventureiro e pelos passeios que dava pela capital. As suas aventuras eram tantas (e tão insólitas) que uma página de Facebook não chegou para as contar a todas. As escapadelas de Calvin deram origem a um livro, publicado em 2018, pela Dom Quixote.

“O nosso gatinho maravilha chegou ao fim da sua aventura. Viveu 18 anos intensos e deixou-nos partilhá-los com ele, o que foi um enorme privilégio. Das suas caminhadas pelos telhados e pelas ruas da cidade trouxe amigos que depois também ficaram nossos amigos, vizinhos que sem ele nunca teríamos conhecido, histórias que tantas vezes contámos, porque o Calvin era, será sempre, um gatinho absolutamente extraordinário. Obrigada a todos os que o seguiram por aqui (...). Continua as tuas caminhadas, querido Calvin, nós nunca te esqueceremos”, lê-se na página que foi criada em 2017 para contar as histórias do felino.

Os passeios por sítios inusitados (morgues, transportes, ruas movimentadas, a casa dos vizinhos) eram o seu passatempo preferido. À mais pequena oportunidade, Calvin “pirava-se e ia para a rua”. A dona, a jornalista Filomena Lança, dizia ao P3, em 2018, que Calvin era um gato muito independente. “Alguns vizinhos costumam dizer que nós não somos donos do Calvin, o Calvin é que é o nosso dono porque é muito senhor do seu nariz e rabugento; se ele se deitar num sítio e o formos buscar refila logo.”

O nome Calvin vem de uma das personagens da banda desenhada Calvin and Hobbes. Já quanto a Esparguete, ninguém conhece a origem. “Surgiu da necessidade de haver dois nomes para quando o Calvin é mais malandro e o podermos chamar: ‘Calvin Esparguete, vem já aqui'”, exemplificou então Filomena.

A fama de Calvin começou a ser tanta que a família recebia fotografias de avistamentos do gatinho por toda a cidade e chamadas para o irem buscar a altas horas da noite. O gato andava sempre com uma coleira em forma de coração ao pescoço onde se podia ler o seu nome e o número de telefone da dona (para nunca se perder durante semanas a fio).

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Na página do Facebook do felino, muitos “amigos” têm deixado, ao longo dia, várias mensagens de condolências à família. “Lamento muito a perda do vosso maravilhoso Calvin e agradeço a partilha das suas aventuras, que também chegaram a ser as nossas”, diz uma utilizadora. “Que vida maravilhosa teve. Adorei percorrer a cidade com ele. Vai deixar saudades a todos. Um abraço aos amigos de duas patas, porque donos nunca teve”, escreve ainda outra.

As aventuras de Calvin, contadas na primeira pessoa, estão eternizadas no livro O Diário de um Gato Citadino, escrito pela dona, Filomena Lança.

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