Camas de UCI ocupadas por doentes com covid podem ficar abaixo da linha vermelha já para a semana

Estimativas da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares ficam abaixo da linha vermelha de 245 camas de cuidados intensivos ocupadas por doentes com covid que os especialistas apresentaram na última reunião no Infarmed.

Foto
LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

Na próxima sexta-feira poderão estar internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) entre 200 e 208 doentes com covid, segundo as estimativas da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH). Números que são um sinal positivo em relação à realidade actual e que ficam abaixo da linha vermelha que os especialistas apresentaram na última reunião no Infarmed de 245 camas ocupadas por estes doentes.

De acordo com as estimativas da ferramenta Adaptt – que tem por base o relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS) da última quinta-feira e um decréscimo ou aumento de 2% no Rt – no dia 19 poderão estar internados nos hospitais entre 873 e 935 doentes com covid, dos quais 200 a 208 em UCI. “São os valores mais baixos que tivemos desde que começamos a fazer as estimativas no final de Outubro do ano passado”, diz o presidente Alexandre Lourenço. São também números mais favoráveis do que os divulgados no boletim desta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde: um total de 1046 internados, dos quais 266 em UCI. Registaram-se ainda 577 novos casos de infecção e 15 mortes.

Os cenários traçados para o final da próxima semana “são um óptimo sinal”, diz Alexandre Lourenço e no que respeita à ocupação em UCI ficam abaixo da linha vermelha de 85% deste tipo de camas ocupadas por doentes com covid. E não é expectável que o desconfinamento que se inicia na próxima segunda-feira possa resultar em mais doentes em UCI do que os estimados. Isto, apesar de se prever que o índice de transmissibilidade (Rt) possa subir em relação aos 0,8 actuais, resultando num aumento de novos casos de infecção.

PÚBLICO -
Aumentar

“O que se espera é que o número de doentes em UCI continue a baixar porque há um intervalo de 15 dias entre um doente se infectar e poder precisar de cuidados intensivos”, explica Alexandre Lourenço, referindo que a pressão sobre os hospitais “está muito mais reduzida”. “Levanta-se agora a questão de reactivar a actividade programada, que já está a acontecer mas com valores muito baixos em relação ao necessário.”

O presidente da APAH volta a lançar o alerta sobre a necessidade do mesmo acontecer nos cuidados de saúde primários. O Ministério da Saúde criou incentivos financeiros para os centros de saúde recuperarem as consultas presenciais que foram suspensas por causa da pandemia, definindo que sejam feitas em horário alargado durante a semana (até às 22h) e aos sábados (até às 14h).

“Há outra questão para a qual temos vindo a apelar, a de se criarem soluções alternativas que possam agilizar processos de encaminhamento dos utentes. Por exemplo, no caso das mamografias [para rastreio do cancro da mama] as mulheres que não fizeram o exame poderiam receber a prescrição electrónica para fazerem o exame num convencionado. Se houvesse algum sinal de alerta, o médico radiologista que faz o relatório do exame poderia fazer a referenciação automática para uma consulta no hospital”, exemplifica o presidente da APAH.

Alívio também na saúde pública

O alívio da pressão que se estima para os hospitais é também o que se espera na área da saúde pública. Segundo as estimativas, para o dia 19 deverão ser necessários entre 892 e 999 recursos humanos para inquéritos epidemiológicos, primeiros contactos e contactos subsequentes. “Os valores que nos dão agora estão alinhados com os recursos humanos que temos, que são cerca de 1100”, diz o responsável, referindo-se ao número de rastreadores indicado pelo Ministério da Saúde na última comissão parlamentar.

Alexandre Lourenço lembra que esta foi uma área que falhou durante os últimos meses e que resultou em milhares de inquéritos epidemiológicos em atraso. Salienta ainda que o controlo das cadeias de transmissão “não se faz apenas com os inquéritos, que devem ser feitos em 24 horas, mas também com o rastreio dos contactos”.

Na última reunião no Infarmed, os especialistas definiram como alvo para se ter a pandemia controlada uma taxa de positividade “abaixo dos 4% de forma sustentada”, um atraso na notificação – mais de 24 horas após a realização do teste – que não exceda mais de 10% dos casos confirmados e ter pelo menos 90% dos casos e dos contactos isolados e rastreados nas primeiras 24 horas após a notificação.

Sugerir correcção
Comentar