Israelitas filmados a atacar família palestiniana perto de colonato “selvagem”

Incidentes têm-se multiplicado, diz organização de defesa de direitos humanos B’Tselem.

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Protesto contra colonatos israelitas a sul de Hebron, onde se têm repetido incidentes com colonos RANEEN SAWAFTA/Reuters

A organização de defesa de direitos humanos B’Tselem divulgou um vídeo de colonos israelitas a atacarem uma família palestiniana que fazia um piquenique num terreno perto de um colonato “selvagem”, como são conhecidos os colonatos em território ocupado não aprovados pelo Governo.

Os colonatos em território ocupado são considerados ilegais à luz do direito internacional, mas o Governo israelita considera que os que foram feitos com sua autorização, ou autorizados a posteriori, são legais.

O ataque ocorreu numa zona a Sul de Hebron, quando uma família – um casal e oito filhos, o mais novo com um ano de idade, estava a fazer um piquenique no mesmo local onde costuma ir todos os sábados. Foram agredidos e o pai ficou com o maxilar partido – vai precisar de cirurgia. A mãe, Rima Alwan, disse que ao ver os colonos chegarem, chamaram a polícia, mas ninguém apareceu. “Eram quinze, atiraram pedras contra nós e estavam armados com bastões”, que usaram contra a mãe, o pai, e para danificar o carro da família.

This morning, about 10 ten settlers, some masked and equipped with batons attacked the Alyan family (parents + 8 children) near the settlment Mitzpe Yair in South Hebron Hills. The parents were injured and evacuated to a hospital in Hebron.
Footage courtesy of Alyan family
pic.twitter.com/Eicby67vX8

— B&">

“As crianças ficaram assustadas, felizmente não ficaram feridas”; disse a mãe, citada pelo diário hebraico Haaretz.

O incidente ocorreu não muito longe de outro local em que um colono, também de um colonato “selvagem”, tentou afastar uma outra família de um espaço público – pela segunda vez em pouco tempo.

E antes ainda, também não muito longe, outro vídeo mostrando a detenção de cinco menores palestinianos, com idades entre oito e treze anos, por soldados israelitas – outro caso denunciado pela organização B’Tselem, que se foca muito nos colonatos em território ocupado.

Today, five Palestinian children were arrested by the Israeli military while picking flowers.

This is the reality and trauma Palestinian children face while living under Israel’s brutal apartheid.

Video Credit:
@btselem pic.twitter.com/NaGR8vtz2h

— IMEU (@theIMEU)

Três dos menores tinham entre 8 e 13 anos, ou seja, estavam abaixo do limite para poderem ser responsabilizados criminalmente – em Israel, essa idade é a partir dos 13 anos. No vídeo, são levadas por soldados fortemente armados. “São miúdos! O que é isto?”, ouve-se dizer no vídeo.

A polícia disse ao site Businesss Insider que foram detidos por serem suspeitos de tentar roubar alguns papagaios de “propriedade privada” no colonato.

A advogada Gaby Lasky diz que a detenção foi marcada por várias ilegalidades. Primeira ilegalidade, aponta: foram levados pelos soldados para o colonato, e os militares tentaram que confessassem. Segunda, foram levados para uma esquadra israelita perto, onde ficaram detidos várias horas, e os pais não conseguiam nem saber onde estavam, nem contactá-los, diz. Terceira, três dos rapazes não podiam ser detidos nem levados para lado nenhum, porque tinham menos de doze anos.

Em Setembro de 2020, havia 157 menores palestinianos em prisões israelitas, segundo dados do B’Tselem. Por ano, são detidos entre 500 a 700 menores palestinianos, julgados em tribunais militares.

O crime mais frequente é o arremesso de pedras, que em 2015 começou a ser punido com penas de até 10 anos, se tiverem pouca hipótese de causar danos corporais, ou 20 anos, se houver mais hipótese de provocarem ferimentos ou morte, como as atiradas contra veículos em movimento.

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