Guiné Equatorial espera que a CPLP faça “um pouco mais” na resposta às explosões no país

Embaixador do país africano em Portugal defende que a organização “tem de sair do escritório e ir para o terreno”. Explosões num quartel fizeram mais de 100 mortos.

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Explosão num quartel militar de Bata deixou centenas de pessoas desalojadas JOSE LUIS ABECARA AGUESOMO/EPA

As autoridades da Guiné Equatorial esperam que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) faça “um pouco mais” e tenha uma “presença activa” perante a catástrofe causada pelas explosões, no passado domingo, em Bata, defendeu o embaixador do país africano em Portugal.

“A Guiné Equatorial espera uma presença activa da CPLP”, afirmou à Lusa Tito Mba Ada.

Todos os Estados-membros da CPLP enviaram “mensagens de condolências” – algo que as autoridades de Malabo agradecem, sublinhou –, mas “este é o momento de fazer um pouco mais”, referiu o diplomata, questionado sobre a resposta do bloco lusófono ao pedido de ajuda do Presidente Teodoro Obiang, formalizado no início da semana pelo embaixador junto da organização.

Tito Mba Ada sustentou que este é “o momento de defender os direitos humanos”, como o direito à vida, à saúde, à alimentação.

“A nossa relação com a CPLP tem de sair do escritório e ir para o terreno, onde está a acção”, considerou, sublinhando que a organização tem “estruturas e mecanismos de intervenção” em situações de emergência. “Qualquer ajuda é importante”, acrescentou.

Questionado sobre se recebeu alguma indicação sobre um eventual apoio de Lisboa, que também pediu formalmente em nota verbal enviada ao Governo português, Tito Mba Ada disse acreditar que as autoridades portuguesas vão dar “uma resposta, na medida do possível”.

“Portugal está a coordenar no âmbito do mecanismo europeu”, afirmou o embaixador, comentando que “é uma sorte que Portugal esteja a presidir actualmente à União Europeia”.

O embaixador exemplificou que, dada a sua experiência “na gestão de crises”, as autoridades portuguesas poderiam colaborar com “assessoria, recursos humanos e a nível logístico”.

“Há países vizinhos, como Espanha e França, que já estão in loco, e esperamos que Portugal, um país amigo e estratégico, esteja também a acompanhar a Guiné Equatorial”, comentou.

Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa, no início da semana, que “o apoio à Guiné Equatorial será equacionado em coordenação com a comunidade internacional, nomeadamente no quadro das Nações Unidas e da União Europeia”.

A UE declarou que está pronta para enviar mais ajuda de emergência à Guiné Equatorial, afirmou na quinta-feira o porta-voz para a Ajuda Humanitária, Balaz Ujvari.

A cidade portuária de Bata, a mais populosa da Guiné Equatorial, foi abalada por uma série de explosões num quartel militar, que provocaram a morte a mais de uma centena de pessoas e ferimentos em mais de 600, além de um número indeterminado de desalojados e avultados danos materiais.

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