O futuro da educação e os professores

Numa altura em que houve um esforço brutal da maioria, com os riscos associados para se conseguir levar o ano letivo a bom porto, este é uma facada nas costas dos professores.

Acabou de abrir o concurso interno e externo de professores com novidades bombásticas. O Ministério de Educação ameaçou os professores deste país, que são contratados há inúmeros anos, que procuram um lugar de quadro, alguns há décadas, que se não estiverem dispostos a concorrer e aceitar um lugar de quadro de Valença a Faro, não poderão celebrar contrato no ano letivo seguinte, ficam liminarmente impedidos. O que está escrito é isto mesmo. Tal não é só ameaça, é coação!

Um docente que esteja nesta situação, na maior parte dos casos, já está com quarenta ou mais anos e tem a sua vida familiar estabelecida num determinado lugar e tem o direito de decidir até onde está disposto a ir para entrar no tão distinto e apetecível lugar de quadro do Ministério da Educação. Isto até podia acontecer num país com excesso de docentes, mas quando temos turmas que não chegam a ter professor de uma determinada disciplina durante largos meses e até o ano inteiro, parece um pouco surreal.

Esta é uma carreira pouco atrativa tanto a nível monetário, como de estabilidade. Para não falar dos entraves à progressão na carreira, bem como aos congelamentos e constante desgaste. Se colocam todos estes obstáculos, vamos ter cada vez mais professores a abandonarem a profissão, cada vez menos a procurá-la e consequentemente o não suprimento das necessidades nas escolas.

Numa altura em que houve um esforço brutal da maioria, com os riscos associados para se conseguir levar o ano letivo a bom porto, este é uma facada nas costas dos professores. Não percebo como podem mudar constantemente as regras e brincar com a vida dos professores e das suas famílias.

O Governo se quer ter uma escola pública de qualidade, comece por tratar com respeito os profissionais de educação, pois o futuro de um país é medido pela educação que se tem.

Assim anda a educação neste país, perdeu-se a paixão e ficou apenas a coação. Parece mais a descrição de um episódio de violência doméstica, mas lamentavelmente é o que resulta do concurso para professores da nação!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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