Associação de reformados critica alteração do plano de vacinação. Idosos “vão ficando para trás”

Associação que representa pensionistas e reformados lembra que “87,5% das pessoas que morreram com covid-19 tinham mais de 70 anos”

Foto
Rui Gaudencio

A Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe) contesta as alterações ao plano de vacinação contra a covid-19 “em função dos grupos de pressão” e exige saber se o cumprimento da imunização das pessoas em maior risco de vida, como os idosos e as pessoas com patologias associadas, não fica comprometido com a introdução de novos grupos “prioritários”, numa alusão indirecta à entrada dos professores e funcionários das escolas nas duas primeiras fases da operação de vacinação.

A Direcção-Geral da Saúde incluiu na terça-feira na norma sobre a campanha de vacinação em curso os docentes e não docentes de estabelecimentos de ensino e de educação e trabalhadores de “respostas sociais” na primeira e segunda fase do plano, ao lado de outros profissionais de serviços essenciais, como forças de segurança, forças armadas e bombeiros. O Ministério da Saúde adiantou entretanto que os professores e auxiliares do pré-escolar e 1º ciclo deverão começar a ser vacinados a partir do final deste mês e do início de Abril.

“A interposição duma prioridade de natureza profissional vai deixar muitas pessoas vulneráveis para trás”, critica a direcção da APRe em comunicado esta sexta-feira divulgado, lembrando que “87,5% das pessoas que morreram com covid-19 tinham mais de 70 anos”.

Frisando que “o risco de mortalidade para os mais velhos não se alterou”, a associação que representa os reformados quer saber se o cumprimento do plano no grupo “Salvar Vidas” – “em que era suposto a primeira fase, onde estão as patologias com maior incidência e maior risco em termos de covid-19, estar concluída até pouco depois do final do primeiro trimestre” – não fica comprometido com a introdução de novos “prioritários” no grupo “Preservar a Resiliência”.

“Com todos os sectores profissionais a solicitarem ser vacinados e dada a escassez de vacinas, os escalões de 65 a 69 anos, de 70 a 75 anos e de 75 a 79 anos vão ficando para trás, sem garantia de virem a ser vacinados em Abril, como o previsto”, argumenta, sublinhando que, ao mesmo tempo, “os grupos de risco definidos como prioritários na 1.ª fase vão vendo a sua vacinação sendo adiada e ocorrendo a ritmo lento”.

A APRe considera mesmo que se pode estar “perante processos menos claros de alteração do plano”, o que induzirá outros grupos profissionais "a perfilarem-se para novas prioridades”. Numa altura em que “a uma maior escassez de vacinas face ao que se previa para a 1ª fase do plano de vacinação”, critica, assiste-se a uma “maleabilização” do plano.

“Qualquer plano tem que suscitar confiança na população, mas este que está a ser alterado após cada reivindicação deixa de ser um plano. Há pessoas com 70 e mais anos e com doença crónica grave, considerada para inclusão na primeira fase, (doença coronária, por exemplo) que ainda esperam”, acentua.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários