Pela integração da mulher refugiada no mercado de trabalho

São mulheres fortes, dignas de bravura, que lutam politicamente, que são filhas, irmãs, mães, e que possivelmente sustentavam seus lares sem apoio qualquer familiar e do Governo. É preciso pôr em prática uma estratégia de apoio para as reintegrar no mercado de trabalho.

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Reuters/ELIAS MARCOU

Elas são forçadas a saírem de seus países de origem. As mulheres enfrentam muitas dificuldades como um todo, começando por seu próprio género, durante a rota de migração até os acampamentos. Depois, nos abrigos de refugiados, passam por um processo burocrático, filas imensas e centros de recepção sobrelotados, atrasos no processamento de pedidos de asilos, complicações de reunificação familiar, falta de estrutura nos acampamentos, de segurança, abusos e violência. Exige muita esperança e sorte, quando estão à deriva de uma falha social e governamental.

Existem barreiras linguísticas, crenças diferentes, culturas e preconceito, mas é preciso olhar para além do contexto que elas não escolheram estar. São mulheres fortes, dignas de bravura, que lutam politicamente, que são filhas, irmãs, mães, e que possivelmente sustentavam seus lares sem apoio qualquer familiar e do Governo, providenciando alimento para os seus filhos. Mulheres de muitos valores e integridade.

É preciso pôr em prática uma estratégia de apoio para reintegrar as mulheres refugiadas no mercado de trabalho. A sociedade não tem consciência nem noção de como proceder com essas mulheres, como ajudá-las, pois existe um estigma: a maioria das pessoas vê-as como dignas de pena e tendem a marginalizá-las.

A Europa dentro da sua consciência, alicerçada nos valores humanistas, tem o dever de promover informação à sociedade de como receber estas mulheres, de como dar as boas vindas de forma digna e igualitária.

Algumas estratégias de reintegração são:

Usar ferramentas modernas
Usar as redes sociais no combate à exploração da mulher refugiada, criar podcasts para debater o assunto em rádios locais, ter espaços com estudantes em universidades, ter um momento de comunicação com profissionais que entendem a fundo o tema, lives, consciencializar as pessoas e disseminar as boas práticas.

Esclarecimento da jurisprudência
Dar informação sobre as leis da migração e sobre as estratégias nacionais que o país oferece e os direitos de protecção.

Criar um estatuto de trabalho
Destinado directamente a mulheres refugiadas, que responda à falta de pagamento dos salários atrasados pelas empresas ou violação de leis laborais por qualquer tipo de abuso, violência ou preconceito sobre estas mulheres.

Programa de arrendamento de imóveis
Que dê segurança aos senhorios para arrendar a sua casa. Quando os donos dos imóveis notam o interesse de mulheres refugiadas ao querer arrendar os seus imóveis, eles tendem a não arrendar por medo de elas falharem nos pagamentos, justamente pela falta de uma estrutura fixa económica.

Plataformas de cursos profissionais
À distância e presenciais. Cursos profissionais, como de cabeleireiro, maquilhagem e manicure, mas também cursos de línguas ou outros de acesso a educação acessível.

Educação para os filhos
Creches e escolas que acolham os filhos da mulher refugiada para que ela possa trabalhar.

É importante dar prioridade a isto, num esforço contínuo que envolve o Estado central, autarquias locais, sociedade e empresas, em busca de uma solução conjunta. Se não houver um conjunto de todas as pessoas, sociedade e Governo para integrar estas mulheres de forma humana e organizada, continuarão a existir problemas para o Governo e problemas dentro da sociedade. A falta de oportunidades gera pobreza: em último caso, não há mais alternativas e recorre-se ao crime para se ter sustento.

É preciso romper a barreira do egoísmo, onde o outro não tem voz. Acredito que todos nós criamos um problema ao ignorar o do outro, o que gera uma reacção em cadeia de consequências. É necessário abrir o diálogo, levar informação, lutar contra a ignorância e mostrar que cada indivíduo tem os seus direitos e deveres.

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