Laura Borrás eleita presidente do parlamento catalão à segunda volta

CUP recusou-se a votar favoravelmente o nome avançado pelo Junts por Borrás ter um problema com a Justiça.

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Laura Borrás, a nova presidente do parlamento catalão QUIQUE GARCIA/POOL/EPA

A candidata do Junts, Laura Borrás, foi eleita esta sexta-feira para presidente do parlamento regional da Catalunha, impondo-se na segunda volta com 64 votos à socialista Eva Granados, que obteve 50, numa votação que incluiu ainda 18 votos em branco e dois nulos.

Embora a votação seja secreta em urna, pelos resultados depreende-se que a candidata foi eleita com os votos da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e do Junts, que somam 64 deputados no Parlamento.

A nomeação de Borrás teve de ser votada duas vezes porque, para ser eleito à primeira, o candidato tem de conseguir maioria absoluta, passando à segunda volta os dois candidatos com mais votos na primeira votação. Bastando na segunda volta obter mais um voto que o adversário.

Fontes da Candidatura de Unidade Popular (CUP), outro partido independentista, afirmam que “cederam” um voto a Borrás para substituir o voto que o deputado Lluís Puig, do Junts, não pôde adicionar, porque a sua petição para delegar o voto em alguém não foi aceite pela mesa da câmara. Mas com esse voto seriam 65, pelo que há um deputado independentista que não seguiu a ordem do grupo.

O resto dos deputados da CUP votaram em branco, assim como o Vox. Granados conseguiu o apoio do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), do Comuns (o Podemos catalão), Cidadãos e Partido Popular.

Borrás assume o lugar que era até agora do republicano Roger Torrent à frente do parlamento catalão e converte-se na terceira mulher na história a assumir a presidência da assembleia, depois de Núria Gispert e Carme Forcadell.

A escolha só foi possível depois do acordo entre a ERC e o Junts alcançado na quinta-feira, a menos de 24 horas da tomada de posse do novo parlament, depois de várias semanas de negociações entre as duas formações independentistas mais votadas nas eleições regionais de 14 de Fevereiro. O Junts fica com a presidência da assembleia e com uma vice-presidência e a CUP com uma das secretarias da Mesa, o órgão que gere os trabalhos.

Apesar da inclusão na Mesa e de se ter até mostrado disposta a assumir a presidência do parlamento, a CUP não participa no acordo de governo independentista nem votou favoravelmente o nome de Borrás, por considerar que a mesma não deveria assumir o cargo por causa da sua situação judicial.

Borrás está a ser investigada por problemas na gestão de contratos quando era directora da Instituição das Letras Catalãs, que a poderia tornar inabilitada para o cargo.

O processo está actualmente nas mãos do Supremo Tribunal, no entanto, ao deixar Borrás o lugar no Congresso espanhol, passará para o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha e é uma incógnita saber qual será a sua reacção em caso de ser inabilitada.

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