Biden quer população adulta vacinada em Maio, para “alguma normalidade” a 4 de Julho

Presidente dos EUA faz o seu primeiro discurso ao país em horário nobre, horas depois de ter visto a sua proposta de estímulos à economia aprovada pelo Congresso norte-americano.

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A aprovação do pacote de estímulos à economia é a primeiro grande vitória política de Biden como Presidente dos EUA Chris Kleponis / POOL

O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse aos estados norte-americanos para tornarem todos os adultos elegíveis para uma vacina contra o coronavírus até ao dia 1 de Maio, e exortou os cidadãos a ficarem vigilantes sob pena de terem de enfrentar mais restrições no futuro, numa comunicação ao país feita horas depois de ter aprovado um novo pacote de estímulos no valor de 1,9 biliões de dólares (milhão de milhões, o equivalente a 1,6 biliões de euros).

Num discurso forte, mas sombrio, a partir da Casa Branca – feito no primeiro aniversário da declaração de pandemia –, Biden disse que se os norte-americanos se unirem, pode haver alguma normalidade no feriado do Dia da Independência dos EUA, a 4 de Julho – incluindo churrascos de quintal em pequenos grupos.

Essa data é uma nova meta para o Presidente dos EUA, e uma projecção de esperança numa pandemia que já matou mais de 530 mil pessoas nos Estados Unidos.

Para atingir a sua meta, Biden disse que precisa da ajuda dos norte-americanos.

“Se não ficarmos vigilantes e se as condições mudarem, talvez tenhamos de restabelecer as restrições para voltar aos eixos”, disse Biden, no seu primeiro discurso em horário nobre desde que tomou posse, a 20 de Janeiro.

“Fizemos muitos progressos. Não é hora de desistir. Estamos a sair de um Inverno sombrio para uma Primavera promissora, e o Verão não é o momento para não cumprir as regras “, disse Biden.

No final do discurso, os republicanos criticaram Biden pela sua abordagem cautelosa. 

“O que a América precisa agora é de reabrir totalmente a nossa economia e as nossas escolas”, disse o líder republicano na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, no Twitter.

Mais militares

Biden disse ainda que vai ordenar os estados, territórios e tribos dos EUA a tornarem todos os adultos elegíveis para receberem uma vacina contra o coronavírus até 1 de Maio. 

A Casa Branca disse que terá fornecimento de vacinas suficiente para vacinar toda a população adulta até ao final de Maio. Cerca de 10% dos norte-americanos foram totalmente vacinados até agora.

Funcionários do governo norte-americano disseram que vão ser enviados 4000 soldados para ajudar no esforço da aplicação da vacina, elevando o número total para 6000. 

A Casa Branca também quer expandir o número de pessoas capazes de administrar injecções para incluir dentistas, optometristas, paramédicos, veterinários e estudantes de Medicina.

Comparação com Trump

Biden fez campanha no ano passado com a promessa de que enfrentaria a pandemia de maneira mais eficaz do que Donald Trump, e tentou encorajar e modelar comportamentos – como o uso de máscaras – que Trump evitou.

No seu discurso, Biden atacou o seu antecessor, dizendo que o vírus foi inicialmente recebido com “negações durante dias, semanas, depois meses, que levaram a mais mortes, mais infecções, mais stress, mais solidão”.

O Presidente dos EUA disse também que os crimes de ódio e o assédio contra os norte-americanos de origem asiática devem parar. Durante meses, Trump referiu-se repetidamente à doença como o “vírus da China”.

Biden também encorajou os norte-americanos a continuarem os esforços de mitigação – o uso de máscaras, a distância social e uma boa higiene – para impedirem que o vírus e as suas variantes se espalhem. 

Vários estados têm aligeirado as restrições, à medida que os norte-americanos, como muitas pessoas em todo o mundo, se cansam da pandemia.

“Fotos e vídeos de 2019 parecem de uma outra era. As últimas férias. O último aniversário com amigos. O último feriado com familiares”, disse Biden, contando o número de vítimas que o vírus causou.

Mas o Presidente dos EUA disse que o país sairá da crise mais forte. “Enfrentamos e superamos um dos períodos mais difíceis e sombrios da história desta nação – o mais sombrio que já conhecemos”, disse.

Vitória política

Antes do discurso, Biden assinou o Plano de Resgate Americano – projectado para ser uma ponte financeira para os norte-americanos duramente atingidos, e um impulso para a economia –, na Sala Oval com a vice-presidente Kamala Harris ao seu lado. O pacote de 1,9 biliões de dólares (1,6 biliões de euros) é uma grande vitória política do Presidente dos EUA, com menos de dois meses de governo.

Biden e altos funcionários da Casa Branca vão embarcar numa volta pelo país, nas próximas semanas, para elogiarem e explicarem a legislação, que obteve a aprovação final Congresso dos EUA na quarta-feira.

O pacote disponibiliza 400 mil milhões de dólares (334 mil milhões de euros) para pagamentos diretos de 1400 dólares (1170 euros) à maioria dos norte-americanos; 350 mil milhões de dólares (292 mil milhões de euros) em ajuda aos governos estaduais e locais; uma expansão do crédito tributário infantil; e um aumento do financiamento para a distribuição das vacinas.

O projecto foi aprovado sem um único voto favorável dos republicanos, que reclamaram contra o valor total da factura.

Os bloqueios e restrições relacionados com o coronavírus custaram milhões de empregos, e Biden está focado em enfrentar as consequências económicas. Os depósitos directos vão começar já este fim-de-semana, disse a Casa Branca.

Na próxima semana, Biden vai discutir os benefícios do pacote de alívio da pandemia em viagens à Pensilvânia e à Geórgia – dois dos estados que lhe garantiram a vitória na eleição presidencial de Novembro de 2018.

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