Segundo trimestre deve ser de “ataque paralelo em todas as necessidades” de vacinação

Coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 mostra-se optimista em relação ao cumprimento dos prazos previstos, perante a previsão do fim da “escassez” de vacinas nas próximas semanas

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MIGUEL A. LOPES

O coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19, o vice-almirante Gouveia e Melo, está convicto que, não havendo nova falha na entrega prevista de vacinas, será possível “cumprir os objectivos” propostos e garante que as perspectivas são boas. Tão boas que, em breve, afirmou aos jornalistas, à margem de uma cerimónia de entrega de viaturas para a vacinação móvel por parte da Fundação Calouste Gulbenkian, “haverá vacinas suficientes para fazer um ataque em paralelo a todas as necessidades e não um ataque alternado.”

O vice-almirante disse que, neste momento, se estão “a dedicar 90% das vacinas aos grupos que se dedicam a salvar vidas e 10% a ganhar resiliência no Estado”. As alterações anunciadas esta quarta-feira, pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), sobre a inclusão na 1.ª fase de vacinação de pessoal docente e não docente das escolas dos sectores público, privado e cooperativo, incluem-se nesta última percentagem, como referia o próprio comunicado da DGS. 

Mas esta divisão será cada vez menos evidente se as vacinas contratualizadas chegarem ao ritmo previsto, garantiu o coordenador do plano, explicando que “não se pode calcular o futuro ao ritmo [da vacinação] do primeiro trimestre”. E isto porque estivemos perante um tempo de “escassez” de vacinas, afirmou, quando as perspectivas para os próximos meses não são essas. “Até ao final de Março deveremos ter 2,3 ou 2,4 milhões de vacinas e no segundo trimestre deveremos ter nove milhões”, exemplificou, recusando que se possa falar num “abrandamento” do processo de vacinação nas últimas semanas. “Não tenho conhecimento de nenhum abrandamento. Todas as vacinas que chegam a território nacional são imediatamente administradas e mais do que isso não podemos fazer”, disse.

Insistindo que o ritmo da vacinação estará sempre dependente da chegada das doses previstas, Gouveia e Melo mostrou-se optimista. “As previsões são positivas em relação ao que aconteceu no passado, em que tínhamos contratado um conjunto de vacinas e chegou metade. As previsões para o futuro não são essas e se se concretizarem - e digo se - vamos conseguir vacinar a um ritmo muito superior e cumprir os objectivos propostos”, afirmou.

Também presente na cerimónia, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serra Lopes, disse que esta é a altura para se começar “a pensar nas consequências e questões para lá dos riscos específicos de comorbilidades”, já que a 1.ª fase definida no plano de vacinação deverá estar concluída “muito pouco depois do final do primeiro trimestre”. E saudou a inclusão do pessoal das escolas entre as prioridades, assumindo que esta decisão não pode ser dissociada do plano de desconfinamento que deverá ser conhecido amanhã. “É um sector que foi o último a ser encerrado e dissemos várias vezes que seria, naturalmente, o primeiro a ser desconfinado. Há a questão de permitir que essa abertura, seja ela quando for, ocorra de uma forma mais tranquila e mais segura, gerando mais confiança”, disse.

O secretário de Estado não quis prestar esclarecimentos sobre as dúvidas levantadas em torno da testagem anunciada para as escolas deixar de fora o sector privado, afirmando que o tema será “tratado dentro do contexto do plano de desconfinamento”, referindo apenas que a questão não é comparável à vacinação, que contempla todos os sectores do universo escolar - público, privado e cooperativo. “A vacinação é universal, voluntária e gratuita, não está em causa, nem nunca estaria, qualquer questão relativamente a este tema. Não é comparável, a situação não é a mesma”, afirmou.

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