Reeleição de André Ventura para presidente do Chega teve abstenção de 77,86%

Do universo total de 27.962 militantes do partido, apenas 14.979 podiam votar no sábado por terem as quotas em dia. Ventura foi eleito com 97,3%.

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André Ventura (Chega) LUSA/MÁRIO CRUZ

Quatro dias depois de anunciada a reeleição de André Ventura como novo presidente do Chega com 97,3% dos votos, o partido divulgou os dados da participação eleitoral. Dos 14.979 militantes que estavam aptos a votar, foram às urnas apenas 3317. Contas feitas, registou-se uma abstenção de 77,86%. Contabilizaram-se também 18 votos nulos e 73 brancos.

Ventura submeteu-se ao crivo dos militantes pela terceira vez em dois anos depois de ter prometido que se demitia da liderança se ficasse atrás de Ana Gomes nas presidenciais: o candidato do Chega teve 11,93% (497.746 votos) e a embaixadora e antiga eurodeputada socialista, que ficou em segundo lugar nas eleições, obteve 12,96% (540. 823).

No domingo à noite, o resultado da votação em André Ventura foi anunciado aos jornalistas pelo presidente da Mesa da Convenção, Luís Graça, na sede do partido, e depois repetido pelo presidente mas, questionados sobre os números globais, ambos afirmaram não os ter - o que a ser verdade não lhes permitiria apurar a percentagem.

Agora, a assessoria do partido revelou que do universo total de 27.962 militantes do Chega apenas pouco mais de metade — 14.979 estava apta a votar no sábado passado. O regulamento eleitoral para os órgãos nacionais do Chega estipula que podem votar os militantes que se encontrem em situação regular até 48 horas antes do início da eleição, ou seja, que tenha as quotas regularizadas. Mas não especifica se essa situação regular inclui a obrigação de serem militantes inscritos há mais de seis meses como acontece na eleição dos órgãos distritais e regionais.

As eleições decorreram em todos os distritos do país e também nas regiões autónomas e o processo eleitoral foi acompanhado por uma empresa de assessoria tecnológica e informática que o partido não quer identificar. Mas não serviram apenas para eleger o presidente do partido: foram também eleitos os delegados à próxima convenção nacional, onde será preciso eleger a nova direcção nacional - como aconteceu em Setembro em Évora e onde Ventura teve que ir três vezes a votos para conseguir o aval dos militantes à lista que apresentou. E houve ainda distritais e concelhias que elegeram novos protagonistas. A próxima convenção nacional deverá realizar-se em Maio.

No sábado à noite, na sua intervenção de vitória, André Ventura fez uma espécie de ultimato ao PSD avisando que se o partido continua a “dar a mão” ao PS nunca será Governo em Portugal e insistindo na ideia de que não será possível um executivo de direita em Portugal sem o Chega

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