Miguel Quintas, da Iniciativa Liberal, desiste de candidatura a Lisboa

O empresário tinha apresentado a sua candidatura este sábado, em Lisboa, na Praça do Município, mas desistiu esta terça-feira, três dias depois. A decisão já foi comunicada aos militantes do partido.

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Miguel Quintas (à esquerda) tinha apresentado a sua candidatura no último sábado DR

O candidato que a Iniciativa Liberal (IL) apresentou este sábado à corrida às eleições autárquicas no círculo de Lisboa desistiu da candidatura esta terça-feira, apurou o PÚBLICO. A desistência de Miguel Quintas acontece por “motivos pessoais”, mas ainda não são conhecidos os pormenores das razões que levaram a tão rápido afastamento do candidato liberal. Fonte da Iniciativa Liberal garantiu ao PÚBLICO que o partido mantém a intenção de apresentar um candidato próprio, pelo que continuará a não integrar a coligação de apoio ao candidato social-democrata Carlos Moedas.

O próximo nome que a Iniciativa Liberal escolherá indicar à corrida continuará em aberto durante os próximos dias (ou semanas), mas o PÚBLICO sabe que não será a “número dois” de Miguel Quintas, Ana Pedrosa-Augusto, a assumir a candidatura.

Apoio a Carlos Moedas continua fora da mesa

Sem o apoio da Iniciativa Liberal, o candidato do PSD, Carlos Moedas, manter-se-á apenas com o apoio do CDS, do Partido Popular Monárquico (PPM), do Movimento Partido da Terra (MPT) e da Aliança. Logo na apresentação de Miguel Quintas, João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal, informou que falou com Carlos Moedas antes de anunciar publicamente o candidato liberal, explicando que esta era uma decisão que dizia respeito à estratégia do partido.

A decisão surpreendeu alguma direita, uma vez que a candidatura autárquica de Carlos Moedas estará até a trabalhar com a mesma agência de publicidade da Iniciativa Liberal, a Mosca, apurou o PÚBLICO junto de fonte da candidatura. Além disso, o PSD havia lançado o repto à restante direita para a criação de uma coligação que derrotasse o PS.

Não obstante, João Cotrim de Figueiredo garantiu que, tal como para a restante direita, o grande objectivo dos liberais é “tirar da câmara [de Lisboa] o PS que há 14 anos a governa e o actual presidente que há seis anos governa sem ambição, com demasiada burocracia e lógicas clientelares de exercício de poder”.

Carlos Moedas reagiria à candidatura de Miguel Quintas ainda no próprio dia, para garantir que “nada mudou” e que vincar que respeitava “democraticamente” a decisão da Iniciativa Liberal.

A polémica da TAP

Horas após a apresentação de Miguel Quintas no sábado, sugiram várias partilhas nas redes sociais que davam conta de uma entrevista do candidato liberal à revista Ambitur, em Abril de 2020. A entrevista chegou a estar indisponível, mas está novamente acessível. Nela, o gestor defendeu a nacionalização da TAP como uma “excelente opção para o desígnio nacional”, o que contrasta com a posição da Iniciativa Liberal sobre o processo.

Esta segunda-feira, na sua página de Facebook, Miguel Quintas justificou a resposta dada à Ambitur, sublinhando que não possui números, nem está “por dentro da gestão da empresa para poder identificar que tipo de intervenção o Governo português poderá fazer na TAP”, mas vincava que a empresa “é um buraco descomunal a caminho de mais de 4 mil milhões de euros e ainda nem se viu o fundo desse mesmo buraco”.

O gestor acrescentou que mais do que “o actual buraco”, o maior problema da TAP é “a insistência” do Governo “no mesmo caminho, sabendo que tal percurso apenas resultará numa ainda maior erosão da riqueza nacional”, cabendo “a todos nós, contribuintes individuais e empresas, pagar este mesmo erro”.

Mais abaixo, Miguel Quintas dizia que “qualquer leitura mais atenta do artigo perceberá que a lógica é sempre de investimento e retorno, bem na linha de qualquer investidor avisado”. “Pelo que o título do artigo, como poderão ver, não demonstra a plenitude da minha visão. É um título”, lê-se na publicação.

No comunicado entretanto enviado pelo partido às redacções, a Iniciativa Liberal agradece a colaboração do gestor na elaboração do programa eleitoral autárquico e justifica que foi “em apreço por este serviço ao partido” que Miguel Quintas veio a ser escolhido para ser o candidato à Câmara Municipal de Lisboa, “dando cumprimento à estratégia da Iniciativa Liberal de apresentar candidaturas próprias”.

Em resposta ao PÚBLICO, fonte da Iniciativa Liberal descarta qualquer relação entre a polémica da TAP e a desistência de Quintas.

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