António Costa, o Oliveira da Figueira da Europa

Este episódio dos gastos revelados pelo Politico, é sério e de uma grande gravidade. Ele arrasta, em termos de imagem, não só Costa, mas também a imagem de todo um povo, sacrificado e mal liderado.

O Politico Europe é fenómeno jornalístico Internacional de referência. Um artigo recente descrevia gastos astronómicos à volta da Presidência Europeia de Portugal, em detalhes absurdos de esbanjamento de recursos, que inevitavelmente serão associados ao nível de responsabilidade com que Portugal irá utilizar o “maná” da “bazuca” financeira europeia.

Isto, num momento da mais alta gravidade, onde a Europa é testada até aos seus limites, na sua capacidade de gestão da pandemia.

Costa, depois de momentos de indignação perante os frugais, especialmente os holandeses e Mark Rutte, que foram classificados como “forretas”, lá se deslocou a Haia e numa vénia que pretendia ser implicitamente manhosa, marcou o momento com um “episódio Oliveira da Figueira”. Ora, Mark Rutte tem sido retratado, até pelo New York Times, como político que ilustra a conjugação da grande capacidade de trabalho, baseada em espírito de iniciativa e empreendimento com grande rigor na gestão financeira e contas públicas, do povo holandês.

A sua gestão da crise corona com apelos permanentes à responsabilidade cívica individual simultaneamente com injecções financeiras, trouxe de volta e de forma subtil, a ideia da importância do Estado como referência reguladora e pedagógica insubstituível. E isto num tecnocrata responsável de uma onda neoliberal com todas as suas consequências nefastas, mas agora mais convertido ao Estado Social, com um programa político, pelo menos aparentemente, mais próximo das tradicionais preocupações sociais-democráticas.

Todos conhecem o detalhe das deslocações permanentes de bicicleta, do rigor e sobriedade do alojamento, da interminável capacidade de trabalho. Tudo isto completado pelo episódio da “esfregona” à entrada do Parlamento, onde, quando entornou café junto aos pontos de controle, insistiu em agarrar na esfregona e pano para limpar as consequências para os outros, do incidente.

Perante isto, uma certa imagem política ligada ao PS, como candidato ao estatuto de “Dono disto Tudo “abrilhantado pela divisa “Quem se mete com o PS leva”, agora recentemente confirmada pela arrogância do deputado Ascenso conseguindo num ápice “ascender” ao título de “Idiota Irreflectido” no episódio do monumento, agravado pelo “apanhado” de escândalo na via pública, também à porta do Parlamento, com polícia e insultos e acusações aos moradores, que ficaram registados em Video, transportou-nos às caricaturas anafadas e roliças, de personagens da Primeira República.

Ora, este episódio dos gastos revelados, é sério e de uma grande gravidade. Ele arrasta, em termos de imagem, não só Costa, agora reduzido à caricatura de matreiro Oliveira da Figueira, perante os frugais, mas ele arrasta também consigo a imagem de todo um povo, sacrificado e mal liderado.

Um povo que foi condenado a uma nova diáspora e uma sangria permanente de toda a sua juventude, que supostamente iria garantir o futuro do país e exigir o seu lugar no mesmo. No assumir do perfil caricatural de Oliveira da Figueira, e da sua pretendida esperteza implícita, ao confrontar-se com o rigor e a responsabilidade da gestão da realidade, Costa, pôs-se definitivamente no futuro, “a jeito” para o papel purificador da “esfregona” de Rutte.

                                                     

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