Biden concede protecção temporária aos venezuelanos que chegaram aos EUA nos últimos anos

Mais de 300 mil imigrantes poderão continuar a viver e trabalhar nos EUA durante pelo menos 18 meses.

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Joe Biden, Presidente dos EUA KEVIN DIETSCH / POOL

A Administração Biden vai conceder estatuto de protecção temporária aos imigrantes venezuelanos cuja situação não está regularizada nos Estados Unidos. A medida tinha sido prometida pelo Presidente durante a campanha eleitoral do ano passado e aplica-se aos cerca de 320 mil cidadãos que procuraram refúgio em solo norte-americano nos últimos anos, depois de terem abandonado a Venezuela por causa da grave crise económica e humanitária que afecta o país.

Os cidadãos venezuelanos em causa terão de comprovar, nos próximos 180 dias, que no dia 8 de Março residiam de forma permanente nos EUA. Caso cumpram todos os requisitos exigidos pelas novas directrizes, ser-lhes-á concedido uma autorização de residência e de trabalho com duração de, pelo menos, 18 meses.

“As condições de vida na Venezuela mostram que o país está em turbulência e que é incapaz de proteger os seus próprios cidadãos”, afirmou o secretário da Segurança Nacional, Alejandro N. Mayorkas, em comunicado.

“Nestes tempos de circunstâncias extraordinárias e temporárias que vivemos, os EUA dão um passo em frente para apoiar os venezuelanos elegíveis que já se encontram aqui, enquanto o seu país procura sair da crise actual”, acrescenta.

Em declarações à Reuters, um funcionário da Administração norte-americana elencou os principais desafios que os venezuelanos enfrentam se quiserem regressar ao seu país: “Fome e subnutrição generalizadas”; “presença e influência crescentes de grupos armados não-estatais”; e “uma infra-estrutura a desmoronar-se”. “Não é seguro voltar”, garantiu o funcionário.

Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, cerca de 5,4 milhões de venezuelanos abandonaram o país nos últimos anos.

Joe Biden herdou de Donald Trump um dossiê que inclui o agravamento das sanções às empresas e às principais figuras políticas do regime de Nicolás Maduro. Um responsável da Administração disse à Reuters que o Presidente “não tem pressa” em levantar as sanções, mas que pretende, ainda assim, adoptar uma abordagem distinta da “pressão máxima” defendida por Trump.

Nesse sentido, diz a Casa Branca, Washington vai investir na coordenação de esforços internacionais, com a União Europeia e com os aliados latino-americanos e da América Central, para forçar Maduro a agendar eleições “livres e justas” num futuro próximo.

“Os venezuelanos que se viram forçados a fugir para os EUA temendo pela sua segurança podem agora dormir descansados, sabendo que os EUA estão solidários com o nosso povo”, reagiu o líder da oposição, Juan Guaidó, que é reconhecido por mais de 50 países, incluindo Portugal, EUA ou Brasil, como presidente interino da Venezuela.

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