Por causa da pandemia, mais dez milhões de crianças em risco de casar até 2030

Na última década, a proporção de jovens casadas diminuiu de uma em quatro para uma em cinco. Mas os progressos estão ameaçados, avisa a UNICEF no Dia Internacional da Mulher.

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Uma dos fatores apontados para o aumento de casamentos de crianças é o encerramento de escolas, devido à covid-19 JALIL REZAYEE/LUSA

Até 2030, dez milhões de crianças podem vir a casar-se devido à crise provocada pela pandemia, alertou a UNICEF. Este número junta-se aos 100 milhões de menores que já eram considerados em risco de casar até ao final da década.

A crise provocada pela pandemia da covid-19 agravou a situação e minou as perspectivas de futuro de milhões de crianças, segundo um comunicado divulgado pela UNICEF. Para além da deterioração das condições económicas, destaca-se o peso do encerramento de escolas, as perturbações nos serviços públicos e a morte dos pais.

“Devem ser tomadas medidas imediatas para limitar o impacto [da pandemia] nas jovens e nas suas famílias”, alerta Henrietta Fore, directora Executiva da UNICEF. Essas medidas passam pela reabertura das escolas, de forma a poder ser garantido “o acesso aos serviços sociais e de saúde”. “Aplicando leis e políticas adequadas [...] podemos reduzir o risco de o casamento roubar a infância de uma jovem”, sublinhou. 

Os dados da UNICEF apontam para 650 milhões de raparigas e mulheres que se casaram antes de completarem os 18 anos em todo o mundo. Metade destes casamentos concentram-se em apenas cinco países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia e Nigéria.

Na última década, a proporção de jovens casadas antes dos 18 anos baixou, passando de uma em cada cinco para uma em cada quatro. Mas os progressos alcançados estão a ser ameaçados pela pandemia.

Em 2020, a proporção de raparigas casadas antes dos 18 anos de idade atingiu os 76% no Níger e chegou aos 68% na República Democrática do Congo. Comparando com a proporção de rapazes, apenas um sexto se casa antes dos 18 anos.

“A covid-19 agravou uma situação já difícil para milhões de raparigas”, notou Henrietta Fore. “Mas nós podemos e devemos acabar com o casamento infantil.”

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