Seymour Hersh, histórico do jornalismo americano: Trump deu aos jornais “quatro anos de folga, em que não estávamos preocupados com o acesso pago”

Vencedor do Pulitzer em 1970 por divulgar o massacre de My Lai, denunciador das torturas na prisão de Abu Ghraib, Seymour Hersh é ciente de que o jornalismo de investigação que ele conheceu está a acabar, embora haja “coisas interessantes a acontecer no jornalismo”. Mesmo não sabendo como vai ser o futuro a longo prazo da informação, sabe que a “acalmia” que Biden traz vai fazer os jornais perder muitos leitores.

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Seymour Hersh fotografado em 1983 Bettmann Archive/Getty Images

Aos 83 anos, Seymour Hersh sabe que o mundo mudou, mas gosta de lutar contra isso todos os dias. Aos 83 anos, um dos jornalistas de investigação mais importantes de sua geração, diz que hoje falta tempo e dinheiro para os repórteres conseguirem boas histórias. “Temos de nos encontrar com as pessoas, não dá para fazer por telefone”, sentencia Hersh ao exaltar o que chama de “era de ouro do jornalismo”, quando podia passar meses dedicado a uma mesma reportagem. Em entrevista via Zoom, que o incomoda um pouco menos, o jornalista norte-americano admite que ainda não vê solução para o fortalecimento de uma imprensa séria e de qualidade, mas, apesar das transformações, acredita que o jornalismo profissional vai sobreviver. “Vai ficar tudo bem. Vai ser online e terá reportagem de investigação. Só será diferente, e o facto de eu não gostar, significa apenas que sou da Idade das Trevas. Nada mais do que disso.”

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