O Viking não vai a lado nenhum

Casa histórica do Cais do Sodré está em obras e prepara-se para reabrir assim que possível. O espaço muda, os rostos também.

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Rui Soares

Prestes a despedir-se dos companheiros da frente, o bar Viking não tenciona mudar de casa. É na Rua Nova do Carvalho que este histórico dancing do Cais do Sodré vai continuar a receber noctívagos de várias gerações, mas os fãs mais empedernidos vão notar mudanças no espaço e no pessoal.

Desde meados do ano passado que todo o prédio está em obras profundas e o Viking foi inteiramente demolido. António Costa, o proprietário, diz que o bar “vai ser ligeiramente diferente”. A começar pelo balcão, que terá de mudar de posição porque o estabelecimento vai agora ter uma montra para a rua, o que é uma novidade. Quanto ao mais, é esperar. “Iremos em breve voltar a montar os nossos equipamentos.”

António Costa, que também é dono da casa de strip Ménage (igualmente em obras), diz que a remodelação já estava pensada “antes da pandemia” e que esta apenas “acelerou a entrega do espaço para que se fizessem as obras no prédio”. Desde há uns anos que o empresário é dono do estabelecimento e as obras foram coordenadas com o proprietário das restantes fracções. O edifício, onde em tempos um outro bar teve vida efémera, terá apartamentos.

Depois de “meses muito difíceis” por causa do fecho forçado, Costa espera ter condições para reabrir assim que o Governo autorize. No entanto, admite que Jamaica, Tokyo e Europa, assim como o Sabotage, lhe vão fazer falta. “Sempre arrastava mais público, as pessoas gostam de beber um copo aqui, outro acolá. Ficamos um bocadinho mais limitados.”

Além de mudanças físicas, o Viking também vai passar por uma renovação de rostos. Os funcionários mais antigos da casa reformaram-se e um deles, que era um antigo sócio, morreu. “Perdemos uma pessoa que nos era muito querida. Tinha 90 anos. Faleceu uns dias depois de termos encerrado”, diz António Costa, não deixando de ver nisso uma consequência do desgosto provocado pela situação.

“Quando reabrirmos será com uma equipa nova”, adianta. Apenas o DJ se deverá manter, o que significa que Father and Son, de Cat Stevens, vai continuar a ser a balada da despedida. Quanto à stripper Mónica, que todas as noites se apresentava em duas ocasiões e apanhava desprevenidos os mais incautos, poderá também voltar caso seja essa a sua vontade.

Com a despedida de Jamaica, Tokyo e Europa da “rua cor-de-rosa”, o Viking passa a ter por única companhia a marisqueira Malt, na porta imediatamente ao lado, e o bar Liverpool, já a chegar ao arco da Rua do Alecrim. O Oslo, a meio caminho, fechou em meados de 2018.

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