Instituto Ricardo Jorge aponta fim do excesso de mortalidade em Portugal

Desde a semana de 26 de Outubro a 1 de Novembro que Portugal registava um número de óbitos acima do que seria esperado para esta época do ano.

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Paulo Pimenta

Desde a semana de 26 de Outubro a 1 de Novembro que Portugal estava com excesso de mortalidade por todas as causas, ou seja com um número de óbitos acima do que seria esperado para esta época do ano. Depois de 17 semanas consecutivas, tudo indica que o país deixou de estar nessa situação. “Provável final do período de excesso de mortalidade observado desde a semana 44/2020”, refere o último boletim de monitorização da gripe do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa).

O relatório diz respeito à semana 8 deste ano - de 22 a 28 de Fevereiro -, e coloca o número de mortes registado nessa semana dentro dos níveis esperado para esta época do ano. Um regresso aos níveis expectáveis cerca de quatro meses depois de o Insa ter assinalado o início deste longo período com maior mortalidade. O documento não aponta possíveis causas para o fenómeno. Mas este foi o período em que o país registou um aumento de casos de covid-19 e que, depois de um ligeiro decréscimo por altura do Natal, culminou na terceira vaga da pandemia.

Foi no final de Outubro que o número diário de mortes por covid começou a subir, passando de menos de 30, para um máximo de 303 a 28 de Janeiro. Numa audição recente no Parlamento, na comissão de acompanhamento das medidas de combate à pandemia, alguns dos matemáticos ouvidos relacionaram uma maior letalidade à menor capacidade de resposta que os cuidados intensivos tiveram, provocada pelo acréscimo de doentes a precisar de cuidados diferenciados no pico da terceira vaga.

De acordo com os dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (Sico) da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que o PÚBLICO analisou no final de Janeiro, esse foi o mês com mais mortes dos últimos 12 anos.

Também no início do ano registou-se um período de temperaturas muito baixas, muito associado ao surgimento de infecções respiratórias – este ano praticamente não se registaram casos de gripe, mas a Rede Sentinela detectou outros vírus respiratórios em circulação - e ao agravamento de doenças crónicas que acabam por resultar em internamentos, sobretudo das pessoas mais velhas e em pior condição clínica. Dados preliminares do Insa, divulgados pelo Jornal de Negócios no início de Fevereiro, apontavam para que o frio tivesse sido responsável por 24% das mortes registadas no primeiro mês do ano.

Com uma clara redução da incidência de novos casos de covid, a pressão sobre o sistema de saúde parece manter a tendência de descida. Tal como no relatório da semana anterior, o número de consultas nos cuidados de saúde primários por razões relacionada com a covid – onde se incluem consultas para vigilância – mantém-se a descer. Na semana 8, a nível nacional, realizaram-se cerca de 25 mil, quando há cerca de um mês eram 200 mil.

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