Vem aí o Dia da Mulher e as compras online já dispararam

A pandemia alterou os hábitos de consumo dos portugueses. Na impossibilidade de comprar em lojas físicas, enchem-se os carrinhos virtuais. A três dias da comemoração do Dia da Mulher, os produtos de saúde e beleza são os mais procurados.

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Brooke Lark/Unsplash

Com o país novamente confinado, os consumidores viram-se obrigados a alterar os seus hábitos de compra — na impossibilidade e visitar lojas físicas, aderem ao e-commerce. Esta nova realidade, não só se instalou em força no ano de 2020 como veio para ficar. Com as restrições de circulação e a maioria dos portugueses em teletrabalho, são muitos os que visitam as plataformas “nos tempos mortos” e acabam por comprar produtos. Tecnologia, vestuário, electrodomésticos acessórios ou cosmética, a actividade funciona como um hobby, que, a longo prazo, causa dependência. No geral, a prática do consumismo já estava enraizada em grande parte da população e o comércio online só veio acentuá-la. Está presente nas datas festivas e nas restantes, especialmente quando, em certos casos, as entregas são feitas num prazo de meia hora.

Na segunda-feira, dia 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher e é uma oportunidade tão boa como qualquer outra para comprar. No vasto mercado do comércio online, os produtos de beleza são dos mais procurados. E provas disso são plataformas como o Insania, que regista um crescimento entre os 5 e os 10% ou a KuantoKusta que apresenta um aumento de 41% na categoria dos perfumes, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. A pandemia proporcionou um rápido ritmo de crescimento deste tipo de comércio, que, um ano depois, ainda impressiona as marcas. “Impressiona no sentido da alteração do perfil do comprador e o tipo de produto que compram”, explica ao PÚBLICO Carlota Feijó, gerente de contas na empresa de consultoria Press Media.

O Insania compreende consumidores entre os 18 e os mais de 60 anos, contudo é a faixa dos 30 aos 55 que mais se destaca. A procura de produtos por mulheres (66,6%) é maior do que por homens (33,4%), o que resulta numa disparidade ao nível do tipo de produto e publicidade. Se, no ano passado, as vendas de artigos de beleza atingiam um valor médio de transacção de 35 euros, este ano, explica o relatório, as vendas atingem quase o dobro. E para isto, a aposta em campanhas publicitárias tem-se revelado essencial. “Publicidade orientada para o público feminino, relacionada com produtos de beleza e estética, traz sempre bons resultados”, explica a empresa no relatório.

A procura de produtos capazes de proporcionar o ideal de beleza e estética faz com que seja o público feminino o que mais compra. Em datas assinaláveis como o Dia da Mulher, essa procura é ainda maior. Compram com o intuito de serem “prendas para elas próprias”. Contudo, num dia em que se “homenageiam” as mulheres, a marca aposta ainda em “campanhas orientadas para os homens com o objectivo de lhes lembrar a data e, naturalmente, para que não se esqueçam de comprar um presente ou uma lembrança que simbolize este dia tão especial para as mulheres.”

A mesma estratégia é utilizada pela empresa de comparação de preços, KuantoKusta, com a campanha especial do Dia da Mulher. “Há sempre um aumento de orçamentos durante esta época em campanhas com uma audiência maioritariamente feminina”, revela o relatório. Durante a última semana, o envolvimento do público feminino (25 e os 34 anos) em campanhas de saúde e beleza alcançou os 33%.

Coffrets e cremes são os mais procurados

Ainda que tanto o Insania como a Kuanto Kusta apresentem uma extensa variedade de produtos, em épocas especiais, as gamas de saúde e beleza são as mais procuradas. No geral, o público feminino procura itens como jóias, um dos produtos mais adquiridos pelas consumidoras do Insania. “Colares e pulseiras com amuletos ou frases inspiradoras estão a ser muito procurados, assim como produtos de bem-estar, como massajadores, sais de banho e óleos essenciais, provavelmente por estarmos em casa e haver mais tempo para proporcionar momentos de relaxamento.”  

No caso da KuantoKusta, em relação à mesma semana do ano passado, registou-se um aumento de 67%. Para as utilizadoras da plataforma, a beleza chega na forma de coffrets de cosméticos e cremes que cresceram 706% e 163%, respectivamente.

Outra razão que explica o aumento da procura destes artigos são os preços que, quando apelativos são comprados em grandes quantidades, “talvez, porque os utilizadores receiem que tudo se esgote e não encontrem outra solução ou loja onde comprar rapidamente”, enfatiza o relatório do Insania.

Actividade física é uma das áreas em expansão

Os dados do Insania revelam que a mulher tem dado cada vez mais importância à saúde. Este ano, as peças de decoração e os “produtos de nicho” como as máquinas de fazer pão deram lugar a novas tendências de consumo. O confinamento impossibilita a ida a ginásios e até mesmo a prática de actividade física regular ao ar livre, razão que explica o recente aumento das vendas de correctores de postura e equipamentos de ginásio como passadeiras e bicicletas, cujos “preços competitivos e talvez também porque são acessórios úteis que vão potenciar o treino em casa”, saltam mais à vista de quem quer manter ou iniciar um estilo de vida mais saudável.

Em Abril do ano passado, a plataforma já notava uma grande procura por parte de acessórios e máquinas de fitness. “O equipamento de ginásio tem tido muito sucesso desde o início do confinamento do ano passado. Este volume começou por volta de Abril/ Maio de 2020 que foi quando as pessoas se começaram a ver fechadas em casa sem poderem fazer exercício”, assegura Carlota Feijó.

O boom de vendas ocorre nas datas festivas, altura em que as empresas criam artigos personalizados. O e-commerce veio para ficar e Paulo Pimenta, CEO da KuantoKusta, defende que reforçar e investir no meio é vital: “A transição digital e a adaptação das empresas são muito importantes, porque a maioria só assim é que consegue sobreviver. Todas as pessoas que fazem comércio de rua e presencial, se neste momento não tiverem um online não há forma de venderem.”

Texto editado por Bárbara Wong

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