Pedro Nuno Santos: “Não queremos ficar com a Groundforce”

Ministro com a tutela da aviação afirmou hoje acreditar que a situação da Groundforce “se irá resolver”, mas que a exposição da TAP à companhia de handling não pode continuar. E que nacionalização não é alternativa

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LUSA/NUNO FOX

“Não está em causa nacionalizar a companhia”, afirmou esta noite o ministro das Infra-estruturas da Habitação, que tutela a aviação, sobre a Groundforce, marca pela qual é mais conhecida a empresa Serviços Portugueses de Handling (SPdH).

“Não queremos ficar com a Groundforce”, afirmou Pedro Nuno Santos, numa conferência de imprensa convocada cerca de 40 minutos antes. Em 2020, o “Governo tomou uma decisão de intervenção na TAP e na Efacec”, com modalidades diferentes, e, frisou, embora a Groundforce  seja “muito importante para a TAP”, até porque “era da TAP”, “não tem um carácter estratégico como a TAP e a Efacec” têm para o executivo.

Conforme noticiou esta semana a Lusa, a administração da TAP propôs à SPdH/Groundforce (presidida por Alfredo Casimiro, representante do accionista que controla a maioria do capital, a Pasogal) a concessão de um adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários (são 2400 trabalhadores) e dívidas a fornecedores, exigindo em troca uma penhora da participação de 50,1% da Pasogal na empresa de handling.

Numa carta enviada na semana passada à administração da Groundforce, a TAP propôs a “celebração de [um] contrato promessa de penhor pela Pasogal, a favor da TAP, sobre as acções representativas do capital social da SPdH por si detidas (até a totalidade dessas acções e, em qualquer caso, em termos que permitam alcançar uma posição de controlo na SPdH com a execução do penhor)”.

O presidente da Groundforce, avançou esta quinta-feira a Lusa, considerou no entanto que a resposta que recebeu do Governo à sua proposta para viabilizar a empresa é “insultuosa”, constituindo uma “chantagem e um ultimato inaceitável”.

“A resposta que recebi do Senhor Ministro das Infra-estruturas e da Habituação, Pedro Nuno Santos, à proposta que fiz para viabilizar a Groundforce é insultuosa, uma chantagem e um ultimato inaceitável”, defendeu, em comunicado, Alfredo Casimiro.

O administrador diz que ofereceu a sua posição accionista como garantia de que a empresa vai pagar à TAP os adiantamentos necessários para pagar os salários em falta, e que Pedro Nuno Santos “propõe” a perda das mesmas acções – relativas a 50,1% do capital – na Groundforce “se o Estado se atrasar na concessão do aval”, para um financiamento bancário.

“Não podemos continuar a expor a TAP sem ter garantias de protecção da TAP”, “não podemos adiantar dinheiro neste momento sem ter garantias”, e “a TAP não pode aceitar uma situação destas”, afirmou esta noite Pedro Nuno Santos, que, ainda assim, vê luz ao fundo do túnel: “nós acreditamos que a situação se vai resolver. Queremos acreditar que haja uma solução” para a saída da Groundforce do actual impasse financeiro.

Sobre o que chamou o “tom” da carta de Francisco Casimiro, hoje divulgada aos meios de comunicação e noticiada pela Lusa, Pedro Nuno Santos disse compreender “a situação de desespero em que se encontra o accionista maioritário da Groundforce”.

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