Dongmo, Pichardo e Mamona lideram esperanças portuguesas em Torun

Portugal terá 16 atletas a competir nos Europeus de atletismo de pista coberta, que arrancam nesta quinta-feira na cidade polaca.

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Pichardo é o melhor de 2021 no triplo salto Reuters/HANNAH MCKAY

Quem tem dois atletas no topo das listas mundiais do ano, tem, à partida, dois candidatos às medalhas, e é assim que Portugal se apresenta, a partir desta quinta-feira, em Torun, na Polónia, para os Europeus de atletismo em pista coberta. Numa comitiva de 16 atletas, a lançadora Auriol Dongmo e o saltador Pedro Pablo Pichardo são os que se apresentam na cidade polaca como os melhores do ano, respectivamente, no lançamento do peso feminino e no triplo salto masculino e, mais do que candidatos ao pódio, são candidatos a conquistar a medalha de ouro. Já Patrícia Mamona, não sendo a líder mundial do ano no triplo feminino, está entre as melhores e, por isso, também é uma candidata por direito próprio a uma medalha.

Líder mundial do ano em pista coberta com um magnífico recorde nacional de 19,65m, alcançado em Janeiro passado, em Karlsruhe, Dongmo será a primeira atleta portuguesa a entrar em acção nestes Europeus, nas qualificações do peso feminino que não devem ser um problema para ela – a marca pedida é de 18,40m, qualificando-se para a final as oito melhores entre as 17 lançadoras inscritas. E Dongmo, não sendo a que tem a melhor marca pessoal entre as inscritas (Christina Schwanitz, a antiga campeã mundial e europeia, já lançou 20,05m em pista coberta e 20,77m ao ar livre), tem grande vantagem sobre a segunda melhor europeia do ano – Schwanitz será a sua grande rival em Torun, mas a alemã “só” tem 19,11m como melhor de 2021.

Esperam-se grandes coisas em 2021 para a lançadora do Sporting que nasceu nos Camarões, que vive e se treina em Leiria e que compete por Portugal desde o ano passado. Não só elevou o recorde português para uma marca de classe mundial, como elevou o seu próprio nível competitivo, ela que foi várias vezes campeã africana, mas com marcas longe da que serve agora como seu recorde pessoal. Torun será a primeira grande prova internacional por Portugal, seguindo-se, no Verão, os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde será, no mínimo, candidata a finalista – como foi, aliás, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

Sem Nelson Évora (o agora atleta do Barcelona, vice-campeão em Glasgow 2019, está a preparar a sua época para os Jogos de Tóquio), a comitiva portuguesa conta com Pedro Pablo Pichardo para tentar uma medalha no triplo, que pode bem ser de ouro. Ainda longe dos saltos acima dos 18 metros dos tempos em que competia por Cuba, o saltador do Benfica está em Torun com a melhor marca do ano (17,36m, feitos há duas semanas) e pronto a conquistar a primeira medalha com as cores portuguesas, depois de ter sido quarto nos Mundiais de 2019, em Doha – já tem, no entanto, um currículo extenso por Cuba, incluindo duas medalhas de prata em Mundiais.

Patrícia Mamona é uma repetente no que diz respeito a esperanças portuguesas de medalhas em grandes competições de atletismo. A triplista do Sporting, campeã europeia ao ar livre em 2016, tem 14,21m como melhor registo de 2021, uma marca que a coloca no “top 4” das inscritas nestes Europeus, atrás da grega Paraskevi Papachristou (14,60m) e da bielorrussa Viyaleta Skvartsova (14,39m), e a par da espanhola Ana Peleteiro. E não é de descartar um bom resultado de Francisco Belo no lançamento do peso, ele que, há dois anos, em Glasgow, foi quarto na final, com um lançamento que ainda vale como recorde pessoal, 20,97m.

Dogmo, Pichardo e Mamona são, então, os três apelidos a fixar na busca por medalhas que mantenham ininterrupta uma tendência que se verifica desde os Europeus indoor de Paris, em 1994, a de haver, pelo menos, um atleta português a terminar no pódio. E se as duas posições de liderança no ranking se traduzirem em dois títulos, será a segunda vez que tal acontece, depois dos triunfos de Carla Sacramento (1500m) e Fernanda Ribeiro (3000m), em Estocolmo 1996. Mas a comitiva portuguesa, a segunda maior de sempre na competição, não se faz apenas de lançadores e saltadores. Também há uma forte presença nas provas de pista, entre fundistas (seis) e velocistas (seis).

Duplantis vs. Lavillenie

Há muitas primeiras figuras do atletismo a competir em Torun. Uma das provas mais aguardadas é a do salto com vara masculino, onde haverá novo duelo entre “Mondo” Duplantis, o adolescente norte-americano que compete pela Suécia, e o francês Renaud Lavillenie, respectivamente, o actual recordista mundial e o anterior. Duplantis é o favorito no concurso, mas Lavillenie, que já ganhou a competição por quatro vezes, está a chegar mais alto do que lhe vimos nos últimos anos – tem como melhor em 2021 6,06m, ele que já não passava dos seis metros desde 2015.

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