Escola, e agora?

Comecemos já amanhã a dialogar e a alinhar estratégias convergentes na ação, num planeamento sustentado que todos devemos desejar, porque as crianças e os jovens bem merecem.

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daniel rocha

Estamos no início do terceiro mês do ano de 2021. Ontem, dia 2 de março entrámos no 12.º período de estado de emergência, no dia em que passou um ano sobre a divulgação dos primeiros casos de infeção em Portugal.

Neste tempo incomum de maior isolamento, algumas breves notas de reflexão em torno da Escola:

1. Todos sabemos que a abertura das escolas e o funcionamento das atividades escolares são essenciais para o desenvolvimento das crianças e jovens e para a economia do País.

2. Mas, salvo melhor opinião, o regresso à Escola e às atividades letivas em regime presencial, só deve ocorrer após a diminuição dos contágios e o controlo eficaz dos mesmos e passar ainda, inquestionavelmente, por algumas condições essenciais, nomeadamente:

  • Planeamento sustentado por fases (1.º e 2.º ciclos, em primeiro lugar);
  • Acesso prioritário dos profissionais da educação à vacinação, em função da idade e condição de saúde;
  • Campanhas de rastreio com testes para SARS-COV-2 na comunidade escolar, no contexto escolar;
  • Manter em cada estabelecimento de ensino todos os cuidados e cumprir escrupulosamente as normas de higiene da Direção Geral de Saúde (DGS).

E, quando regressarmos à Escola, o que podemos fazer até ao final do presente ano letivo e na preparação do próximo?

Uma primeira ideia é ter uma atitude positiva, proativa e consolidar uma missão de proximidade, de reflexão e de partilha. Todos nós, os profissionais da Educação, a Administração Escolar e ainda, todas as Associações Sindicais e Profissionais de Professores, de Diretores e de Dirigentes Escolares.

Como fazer (ainda) mais e melhor, deverá ser o mote.

Comecemos já amanhã a dialogar e a alinhar estratégias convergentes na ação, num planeamento sustentado que todos devemos desejar, porque as crianças e os jovens bem merecem.

É essencial haver serenidade e ponderação por parte de todos e pensar-se no coletivo.

E, entretanto, o que poderá acontecer?

1. O sistema educativo; a Escola; a gestão dos recursos humanos docentes e técnicos; os processos de ensino e aprendizagem (seja em que regime for); a educação inclusiva; a utilização de estratégias e de ferramentas pedagógicas; a avaliação das aprendizagens (a tender de forma gradual para um processo sustentado de avaliação formativa que privilegie a qualidade da aprendizagem em detrimento da simples classificação); a relevância dos conteúdos pelo seu caráter prático, funcional, utilitário; o número de alunos por turma; os horários, turnos e regimes de funcionamento das escolas; os circuitos dos transportes escolares… Nada vai ficar como dantes.

2. Uma outra gramática escolar, a mudança de paradigma, o reforço de redes de apoio, uma maior colegialidade, o trabalho cooperativo e colaborativo, de geometria variável e intensiva, tarde ou cedo, vão eclodir, ganhando escala.

3. No desenvolvimento do exercício de autonomia e flexibilidade curricular, tenderá a aumentar o número de escolas com Planos de Inovação e Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário, como respostas à necessidade de se valorizar a ação educativa, tendo em vista o seu efeito mitigador das desigualdades socioeconómicas e a promoção de oportunidades de mobilidade social.

4. O reforço da indispensável partilha entre Escola-Família-Comunidade e a importância de apoiar e envolver as Famílias no processo de ensino-aprendizagem, vão assumir um papel de inegável destaque.

5. A modernização das instalações e equipamentos escolares terá que ser concomitante com a aposta em curso no digital e nas infraestruturas tecnológicas.

6. Os docentes vão refletir cada vez mais sobre as potencialidades pedagógicas da utilização da tecnologia nas suas atividades escolares.

7. As metodologias, estratégias e recursos didáticos face ao currículo vão ancorar-se cada vez mais numa diversificação e diferenciação de processos e modelos pedagógicos ativos.

8. O ato de ensinar e de quem ensina arrastar-nos-á para um incontornável processo de ressignificação e de redefinição da profissão docente.

9. A formação contínua dos docentes terá que ser reequacionada.

10. Será indispensável atrair os jovens para a formação profissional na docência.

11. A formação inicial dos docentes deverá ser orientada para a promoção de uma educação inclusiva e objeto de recomendações nesse sentido, de modo a serem consideradas pelas instituições que formam docentes.

12. A carreira docente terá que ser valorizada, tendo por suporte uma estratégia e um investimento político.


O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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