Juros dos novos empréstimos à habitação caíram abaixo de 0,8%

Mas o custo global dos novos empréstimos para a compra de casa, onde se incluem comissões, subiu em Janeiro. Juros do crédito ao consumo e às empresas também subiram.

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Nuno Ferreira Santos

A taxa de juro média dos novos empréstimos para compra de habitação renovou novo mínimo histórico em Janeiro, quebrando a barreira dos 0,8%. A taxa fixou-se em 0,77%, menos três pontos base face a Dezembro de 2020. Esta taxa está a cair há seis meses consecutivos.

O decréscimo sucessivo da taxa média dos empréstimos é explicada pela queda das taxas Euribor, que tem fixado valores cada vez mais negativos, mas também pela descida dos spreads, ou seja, a margem comercial dos bancos, definida em função do risco da operação e do cliente.

Mas se a taxa média desceu, há outra que subiu. A TAEG, a taxa anual de encargos efectiva global, que mede o custo do empréstimo para o cliente, por ano, em percentagem do montante emprestado, subiu. Ou seja, o custo global dos novos empréstimos ficou mais caro, e a explicação está nas comissões e outros custos associados aos empréstimos.

De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), a TAEG dos empréstimos concedidos no primeiro mês do ano fixou-se em Janeiro em 2,01%, contra 1,89% e 1,99% de Dezembro e Novembro de 2020, respectivamente.

O montante emprestado ascendeu a 968 milhões de euros, uma queda significativa face aos 1203 milhões de euros de Dezembro, ou dos 1113 milhões de Novembro de 2020. Janeiro é um mês habitualmente mais fraco para a contratação deste tipo de crédito.

Mas se as taxas médias de juro para compra de casa estão a baixar, no crédito aos consumidores registaram uma evolução oposta. No crédito ao consumo, as taxas de juro médias fixou-se em 6,56%, contra 6,09% do mês anterior, e para outros fins (educação, saúde e outros) de 3,66%, bem acima dos 2,97% da recta final do ano.

O montante concedido para a aquisição de bens de consumo caiu significativamente, totalizando 281 milhões em Janeiro, contra 359 milhões de euros no mês anterior, e 137 milhões de euros para outros fins, abaixo dos 215 na recta final do ano, a que não será alheio a conjuntura económica provocada pela pandemia de covid-19.

Nos novos depósitos de particulares, até um ano, a taxa de juro média subiu um ponto base, para 0,07%, depois do mínimo histórico de 0,06% registado em Dezembro.

Juros sobem no crédito a empresas

O crédito às empresas diminuiu em Janeiro e as taxas de juro subiram, num cenário em que os efeitos da pandemia estão a ter um duro impacto na actividade económica, especialmente em alguns sectores.  

A taxa de juro média dos novos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras aumentou 17 pontos base face a Dezembro de 2020, para 2,16%, segundo os dados do BdP. 

A taxa de juro das operações abaixo de um milhão de euros foi a que mais subiu, aumentando 13 pontos base, para 2,42%, e a taxa das operações acima de um milhão de euros aumentou três pontos base, para 1,70%.

Os montantes de empréstimo caíram significativamente, totalizando 1609 milhões de euros, contra 2570 milhões de euros em Dezembro.

A taxa de juro média dos novos depósitos, até um ano, de sociedades não financeiras foi de 0,04%, mais dois pontos base do que em Dezembro de 2020.

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