O PCP segundo Jerónimo: nem ponte do PS nem comparsa do PSD e CDS

A concepção de ditadura do proletariado foi substituída pela democracia avançada assente na Constituição da República Portuguesa.

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Líder do PCP diz que há modelo a seguir e que se devem seguir as características do povo portuguê LUSA/TIAGO PETINGA

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, encontrou uma síntese para definir a posição do seu partido no actual momento político. Nem ponte do PS, nem comparsa do PSD e CDS.

“Não seremos, nem somos, ponte de apoio do Governo do PS nem seremos comparsas com o PSD, o CDS e seus sucedâneos”, referiu o líder comunista em entrevista nesta segunda-feira a Miguel Sousa Tavares, na TVI. Foi desta forma que Jerónimo argumentou sobre os motivos que levaram o PCP a não inviabilizar o Orçamento de Estado para 2021.

E recordou os motivos que levaram os comunistas à aproximação, em 2015, aos socialistas de António Costa, que levou à solução da “geringonça” e à substituição de Pedro Passos Coelho em São Bento. “O PCP, acompanhando um sentimento fortíssimo [do povo português], lutou muito para derrubar a política da troika”, descreveu.

Frente às câmaras, as respostas do secretário-geral não apontaram novidades. Assim, reiterou que existem outras alternativas ao estado de emergência, justificando, deste modo, a oposição da bancada comunista, a 11 das 12 declarações de estado de emergência desde o início da pandemia de covid-19, em Março do ano passado.

“Existe o estado de calamidade, medidas de protecção, outras medidas de fundo, como o reforço do Serviço Nacional de Saúde e dos seus profissionais, o rastreio, a testagem e a vacinação”, disse, enumerando algumas alternativas. “Como se pode admitir que cheguemos ao ponto de ter mais medo de viver do que morrer?”, questionou-se.

A poucos dias de o PCP comemorar no próximo sábado o seu centenário, Jerónimo de Sousa garantiu que o seu partido não tem prazo de validade nem se esgotou nestes 100 anos de vida. “É para continuar, é um partido pata continuar com o projecto, o futuro tem partido”, garantiu, repetindo o slogan que preside às comemorações da fundação.

No resto, o discurso de Jerónimo de Sousa, o primeiro secretário-geral dos comunistas que não era militante antes do 25 de Abril, pois inscreveu-se partidariamente em 2 de Maio de 1974, voltou a insistir na especificidade de ser comunista em Portugal. “O projecto do partido é de uma democracia avançada, que respeita a nossa Constituição, que tem um valor intrínseco que comporta os valores de Abril”, descreveu.

Tal posição leva o PCP, disse o seu líder, a não ter um modelo de país no mundo. “Ainda não encontrámos um modelo diferente que seja aplicado”, destacou. “Não aceitamos um modelo, temos em conta as características do nosso povo”, enfatizou. Pelo que marcou distância com o objectivo da ditadura do proletariado. “Essa revolução já é uma coisa que não acontecerá”, anteviu. 

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