Covid-19: Estudo identifica níveis alarmantes de fadiga pandémica

Em relação ao género e à idade, foi possível aferir que as mulheres apresentam níveis de fadiga pandémica superiores aos homens e que os mais novos apresentam níveis superiores aos mais velhos.

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Dogukan Sahin/Unsplash

Níveis alarmantes de fadiga pandémica foram detectados num estudo que está a ser realizado junto da população portuguesa e que inclui diferentes fases de confinamento para conter o contágio por covid-19. “São alarmantes, sobretudo quando queremos comunicar às pessoas que vão continuar ou confinadas e a terem de cumprir muitas medidas restritivas”, afirma Ivone Patrão, do ISPA-Instituto Universitário.

No âmbito do projecto PsiQuaren10, foi desenvolvido um inquérito online: 82,2% dos inquiridos revelaram níveis de fadiga pandémica moderada ou elevada/severa. O estudo teve início em Novembro, na sequência do conceito de fadiga pandémica lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Olhando para aquilo que acontece na segunda vaga e nesta terceira há diferenças, porque numa estamos num confinamento parcial e noutra estamos num confinamento total e há uma variável aqui que discrimina a forma como as pessoas se sentem”, explica a coordenadora do trabalho.

As pessoas mostraram-se “mais cansadas, com níveis superiores de fadiga pandémica “ em Janeiro e FevereiroForam apuradas respostas de 1854 adultos, a maioria da região de Lisboa, Setúbal e Porto. Em relação ao género e à idade, foi possível aferir que as mulheres apresentam níveis de fadiga pandémica superiores aos homens e que os mais novos apresentam níveis superiores aos mais velhos.

De acordo com os resultados apresentados, estar em isolamento/quarentena, considerar o teletrabalho mais cansativo, sentir que as notícias sobre a pandemia de covid-19 têm um impacto negativo sobre o próprio e ter amigos/familiares que testaram positivo contribuíram para níveis superiores de fadiga pandémica.

“Temos de saber comunicar bem e de uma forma que seja eficaz para pessoas que já estão cansadas e desgastadas, com todo o tempo que esta pandemia já leva”, defende. “Este é um dado preocupante”, acrescenta Ivone Patrão. Por outro lado, refere, ao estarem mais vulneráveis, as pessoas têm mais dificuldade nas tomadas de decisão, seja para a sua própria saúde ou dos que lhes estão próximos. “Seja até para decisões da sua vida quotidiana”, exemplifica.

“É um facto que temos de tratar da saúde física dos portugueses, mas temos de tratar também da saúde mental”, defende. Para Ivone Patrão, a saúde mental é uma área que vai precisar de investimento e de “intervenção à medida”. “É importante que se saiba que um dos factores que está aqui por trás é esta questão da fadiga pandémica”, alerta. O desafio será também saber comunicar com pessoas em fadiga pandémica, para que continuem a aderir a medidas preventivas. “A forma tem de ser outra, tem de ser pelo exemplo positivo, valorizar todos os esforços que as pessoas estão a fazer”, preconiza.

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