Solar Opposites não quer ser só mais um Rick and Morty

A série que chegou a Portugal na semana passada depois de se ter estreado em Maio de 2020 no Hulu aborda território familiar ao mesmo tempo que tenta criar um universo inteiramente novo e cativante.

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Solar Opposites é a nova série dos criadores de Rick and Morty, Justin Roiland e Mike McMahan DR

É dos criadores de Rick and Morty (Justin Roiland e Mike McMahan) e bem poderia ter sido “vendida” como uma sequela oficial, apesar de ter já dado sinais de que não quer viver debaixo da sua sombra. Solar Opposites finalmente chegou a Portugal no início da semana passada, depois de se ter estreado em Maio de 2020 no serviço de streaming Hulu, e é das melhores coisas actualmente disponíveis no catálogo do Star, a secção “adulta” da Disney+.

Comecemos por reconhecer o elefante na sala (e, se calhar, por pedir-lhe educadamente que vá para o quintal, para nos concentrarmos no que realmente importa): Rick and Morty é o ponto de partida obrigatório quando se fala deste projecto e não é só por causa de quem o criou — o humor é psicadélico/psicótico, as cores são vibrantes, a animação é criativa (e frequentemente gráfica), o palavreado não tem filtros e, claro, os extraterrestres são os donos disto tudo (embora aqui os protagonistas sejam alienígenas que tentam entender os seres humanos e não humanos que tentam encontrar os mais diversos e bizarros alienígenas). Mas quem assistir aos primeiros episódios e descartar Solar Opposites como “apenas” um Rick and Morty “B” perderá as histórias espertas e ocasionalmente emocionantes com que a série se entretém na segunda metade da viagem (a primeira temporada tem oito episódios de aproximadamente 25 minutos cada, pelo que o investimento que pede do público não é astronómico — apesar de astros e outras coisas espaciais terem alguma coisa a dizer...).

Os protagonistas de Solar Opposites são Terry (cuja voz é feita pelo actor Thomas Middleditch) e Korvo (Justin Roiland), dois alienígenas que fugiram para a Terra na sua nave depois de um evento apocalíptico ter tornado o planeta em que viviam inabitável. O cenário que aqui encontram é distópico e muito distante: há espécies em vias de extinção e a mais numerosa de todas (o Homo sapiens, naturalmente) está a contribuir alegremente para a destruição do ecossistema. Muito distante, como dizíamos.

Com a dupla fugiram também os miúdos Yumyulack, que não sabe estar quieto, e Jesse, criatura esverdeada e compreensiva que é de longe a mais optimista do grupo (os dois podem ou não ser os filhos de Terry e Korvo, que de vez em quando adoram fingir que estão casados...). Yumuylack adora fazer partidas e torturar (por vezes literalmente) os colegas de turma que conhece na escola, o que irrita Jesse, que quer genuinamente conhecer melhor a cultura dos humanos. Este conflito também se trava entre Terry e Korvo: o primeiro quer pelo menos tentar gostar da Terra, o segundo detesta aqueles que a ocupam.

Na revista The Hollywood Reporter, o crítico Daniel Fienberg já veio elogiar o facto de a premissa de Solar Opposites ser verdadeiramente vaga”. “São aliens. Vivem na Terra. De vez em quando fazem estragos.” E no entanto, o que começa por ser uma colecção de piadas avulsas sobre quatro alienígenas que não compreendem determinadas peculiaridades da condição humana torna-se… Algo mais. Acha que não vai chorar com uma série onde quatro aliens se juntam aos Simpsons para derrotarem os Monstars (os mostrengos que Michael Jordan teve de enfrentar com os Looney Tunes no filme Space Jam)? Espere até ver o que acontece a um certo rato que produz leite. A dada altura, até espaço para discussões sobre papéis de género há.

Curtos e divertidos, os oito episódios de Solar Opposites disponíveis no Star terão companhia em breve: a segunda temporada estreia-se já a 26 de Março.

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