Dicas para ter gatos felizes em confinamento

Neste momento, estão disponíveis dezenas de apps (a maior parte grátis) para gatos. Mas também há vídeos no YouTube e puzzles.

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Ao longo da última década tem-se assistido ao aumento da popularidade do gato como animal de estimação. A personalidade única e os inevitáveis quirks que os tornam sensações virais no mundo digital e o mito de serem de manutenção baixa transformam-no na adição perfeita a qualquer lar, sobretudo em centros urbanos.

Se o cão precisa de ser passeado, o gato fica bem em casa. Se o cão estraga planos de fins-de-semana fora, o gato fica bem em casa. Mas estaremos a “criar” gatos felizes em casa?

Contrariamente ao que se defendia, de forma inequívoca, há uma década, é possível ter um gato feliz dentro de casa. De certa forma, protege-os até de entrarem em conflito com outros animais (sejam eles da mesma espécie ou não), protege-os de doenças e atropelamentos, e protege também a vida selvagem (frequentemente alvo de caça furtiva). No entanto, estando nós agora tão familiarizados com o aborrecimento que é ficar em casa 24 horas por dia, será esta a altura ideal para nos perguntarmos como evitar o aborrecimento no nosso melhor amigo.

Sinais de aborrecimento no gato são difíceis de identificar até se tornarem um problema de comportamento ou até médico. Entre os mais frequentemente ignorados surgem a diminuição da actividade física, interpretada por muitos tutores como um sinal normal do envelhecimento e alterações dos hábitos alimentares (da anorexia à ingestão compulsiva).

A importância do instinto predatório
Esta é talvez a mais ignorada liberdade de um gato mantido dentro de casa. Em natureza, o gato é um caçador solitário, tendo de recorrer a presas de pequenas dimensões para ser bem-sucedido. Refeições pequenas obrigam a várias caçadas durante o dia. É fácil para qualquer tutor assumir que se mantiver o gato bem alimentado, ele não tem necessidade de caçar. No entanto, esta necessidade básica mantém-se independentemente da alimentação base. Mais uma vez, este comportamento está relacionado com a natureza solitária do gato: em natureza, se o gato esperasse para caçar até estar com fome, arriscar-se-ia a morrer à fome. Em todas as tentativas de caça, o gato é eficaz em cerca de 50%. Com isto em mente, o gato aprendeu a ser oportunista: tendo oportunidade, o gato caça.

Como colmatar esta falha
A forma mais convencional é recorrer a sessões de brincadeira. De forma a mimetizar o padrão natural, as sessões devem ser curtas e intensas com o uso de brinquedos que simulem as suas presas naturais. Brinquedos com cordas e penas são ideais: redireccionam as tentativas de caça para longe das nossas mãos. Esta estratégia implica interacção com o humano, o que é excelente para fortalecer o laço gato-humano. No entanto, com o retorno à normalidade, é importante abraçar estratégias para quando saímos de casa e o gato fica.

Gatos e videojogos
Uma das novidades teria invariavelmente de envolver gatos e Internet. Neste momento, estão disponíveis dezenas de apps (a maior parte grátis) para gatos. Como se ver o gato saltar em frente ao iPad não garantisse já horas de gargalhadas e conteúdo para as redes sociais, algumas prevêem adicionar funcionalidades para tirar selfies durante as sessões.

Tudo isto é incrível, mas será para todos os gatos? Nem todos os gatos mostram interesse neste tipo de actividade, por isso não se sintam desiludidos se o vosso for um deles, e resistam a tentativa de lhe esfregar o focinho no smartphone. Para os gatos que são adeptos, é imperativo não negligenciar a satisfação mental e a sua autoconfiança, que sofrem um impacto negativo pelas múltiplas tentativas de caçar algo que nunca chegam a tocar. Para combater a frustração, é importante usar estes jogos em sessões curtas e providenciar brincadeira física em que o gato possa efectivamente caçar.

Para os entusiastas da realidade virtual, ficam aqui algumas opções: Mew and Me, Go-Gat Jitterbug, Go-Cat Cat Fishing, Game For CatsCat Playground - Game for Cats, Cat Alone - Cat Toy e Cat Snaps.

Cat TV
A maioria estará familiarizada com a magia cativante da Baby TV em bebés. Os vídeos do YouTube da Cat TV parecem deter um feitiço semelhante nos gatos. Com música relaxante, paisagens idílicas, esquilos e pássaros coloridos, têm horas de duração. Esta é uma alternativa para gatos sem acesso a janelas. Em casas com janelas de fácil acesso, este tende a ser um local de predilecção para os gatos. Apesar de esta ser uma alternativa com potencial, precisamos ainda de perceber se poderá contribuir de forma negativa para a ansiedade, à semelhança das apps interactivas.

Puzzles: a melhor estratégia
A mais convencional continua a ser a mais apropriada. Comedouros em forma de puzzle potenciam a actividade predatória do gato, sem gerarem frustração e surgindo associados à finalidade da actividade: comer.

Quando introduzidos, exigem supervisão para garantir (e às vezes até dar uma mão) que o gato percebe o seu propósito. A partir daí, podem substituir os comedouro tradicionais por completo. Existem dezenas de formatos e para todos os bolsos, incluindo puzzles caseiros. Porque é importante apostar na novidade (ou não há piada em resolver sempre o mesmo puzzle), é importante ir rodando entre dois ou três, evitando comprar um sempre que o gato se aborrece.

Brinquedos interactivos
Existe também uma crescente variedade de brinquedos interactivos, que substituem a interacção com o humano. Entre penas voadoras a túneis/circuitos com bolas, cada gato encontrará o seu preferido.

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