Covid-19: Agência Europeia de Medicamentos admite curtos adiamentos na segunda dose da vacina

Regulador europeu nota que deve ser “considerado aceitável se a vacina for tomada até duas a três semanas mais tarde”. Em Portugal, o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 defendeu o adiamento da toma da segunda dose para permitir a vacinação de mais 200 mil pessoas até final de Março.

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LUÍS FORRA/LUSA

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aconselha a administração das vacinas contra a covid-19 “de acordo com a informação aprovada”, mas admitiu à Lusa serem “aceitáveis” curtos adiamentos da segunda dose, face à produção insuficiente para a União Europeia (UE).

“As vacinas contra a covid-19 devem ser utilizadas de acordo com a informação aprovada sobre os seus produtos, que descreve como devem ser utilizadas para alcançar o nível de protecção observado nos grandes ensaios aleatórios que apoiam a eficácia destas vacinas”, afirma a EMA em resposta escrita enviada à agência Lusa.

Questionada pela Lusa sobre o caso português dado que as autoridades sanitárias estão a equacionar adiamentos da toma da segunda dose da vacina para permitir administrá-la a mais pessoas este trimestre —, a agência europeia não respondeu directamente, mas deu o exemplo dos estudos realizados para a vacina da BioNtech/Pfizer sobre a “administração de duas doses com um intervalo de até 42 dias”.

“Deve portanto ser considerado aceitável se a vacina for tomada até duas a três semanas mais tarde”, conclui a EMA.

Na informação emitida pela EMA aquando da aprovação da vacina da BioNtech/Pfizer lê-se que “as análises de eficácia incluíram participantes que receberam a sua segunda vacinação no prazo de 19 a 42 dias após a sua primeira vacinação”.

Esta posição é semelhante à da Organização Mundial de Saúde, que em Janeiro admitiu que, dada a escassez de produção, a segunda dose da vacina da BioNtech/Pfizer pode ser “atrasada algumas semanas” e que o período de intervalo no fármaco da Moderna pode ser ampliado para 42 dias.

A vacina da BioNtech/Pfizer contra a covid-19 foi a primeira a receber “luz verde” do regulador europeu, em Dezembro passado, seguindo-se a da Moderna já em meados de Janeiro deste ano, ambas assentes na tecnologia do ARN mensageiro.

Mais recente, no final de Janeiro, a EMA aprovou a vacina da AstraZeneca, que tem estado envolta em polémica por insuficiente produção para a UE.

Na resposta à Lusa, a EMA insiste que “as vacinas contra a covid-19 devem ser utilizadas de acordo com a informação aprovada sobre os seus produtos”, lembrando que os prazos normalmente recomendados para administração da segunda dose são 21 dias para o fármaco da Pfizer/BioNTech, 28 dias para o da Moderna e entre 28 a 84 dias para o da AstraZeneca.

Depois de farmacêuticas como a AstraZeneca terem informado a Comissão Europeia de que iriam entregar menos doses do que as acordadas para o primeiro trimestre de 2021, Bruxelas criou um grupo de trabalho para tentar resolver quebras de produção.

Na semana passada, a Comissão Europeia apresentou também uma estratégia para incrementar esta produção de vacinas contra a covid-19 na UE, prevendo estreita colaboração com fabricantes para ajudar a monitorizar as cadeias de abastecimento e fazer face aos problemas de produção.

Em Portugal, o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 defendeu na quarta-feira o adiamento da toma da segunda dose para permitir a vacinação de mais 200 mil pessoas até final de Março, notando que o assunto está a ser estudado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Infarmed.

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