EUA bombardeiam infra-estrutura na Síria usada por “milícias apoiadas” pelo Irão

Pelo menos 17 combatentes pró-Irão morreram no ataque. É a primeira acção militar conhecida desde que Biden tomou posse. Bombardeamento é resposta a um ataque contra uma base militar no Iraque.

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Esta é a primeira acção militar conhecida sob a égide do Presidente Joe Biden Reuters/JONATHAN ERNST

Os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo contra uma “infra-estrutura utilizada por milícias apoiadas” por Teerão no leste da Síria, anunciou o Pentágono.

O ataque aéreo é a primeira acção militar conhecida sob as ordens do Presidente Joe Biden, que iniciou o mandato a 20 de Janeiro.

“Os bombardeamentos foram autorizados em resposta a ataques recentes contra pessoal dos Estados Unidos e da coligação no Iraque, e ameaças contínuas contra estes funcionários”, disse o porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA, John Kirby, em comunicado. O porta-voz referiu ainda que os ataques destruíram vários edifícios num centro de controlo fronteiriço usado por milícias com ligações ao Irão, como a Kataeb Hezbollah (KH) e Kataeb Sayyid al-Shuhada (KSS). 

Pelo menos 17 combatentes pró-Irão morreram no ataque, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

“Os ataques destruíram três camiões de munições [...]. Há muitos mortos. Pelo menos 17 combatentes morreram segundo um balanço preliminar, todos membros do Hachd al-Chaabi [coligação de milícias iraquianas pró-Irão]”, disse o director da organização não-governamental OSDH, Rami Abdel Rahmane.

Segundo a Reuters, os ataques parecem ser limitados no seu alcance, o que poderá baixar o risco de aumento de tensões militares. É nesse sentido que aponta o comunicado do Pentágono: “O Presidente Biden vai agir para proteger o pessoal dos EUA e da coligação. Ao mesmo tempo, agimos de uma forma que tem como objectivo diminuir a tensão no leste da Síria e do Iraque”.

Não há ainda uma reacção oficial da Síria aos ataques.​

Os bombardeamentos dos EUA acontecem quase duas semanas depois de um ataque contra a principal base militar no aeroporto de Erbil, no Iraque, em que morreu um funcionário civil de uma empresa privada e feriu outras nove pessoas, incluindo um soldado norte-americano. O ataque foi condenado pela Administração norte-americana, que prometeu responder.

Dias depois, as bases norte-americanas em Bagdade também foram atingidas por rockets, incluindo edifícios na chamada Zona Verde, um complexo fechado de alta segurança onde está localizada a maioria das embaixadas.

A Kataeb Hezbollah negou qualquer responsabilidade pelo ataque em Erbil - que foi reivindicado por um grupo xiita pouco conhecido, que se apresentou como Awliya al-Dam (Guardiões do Sangue). No entanto, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse estar “confiante” quanto à responsabilidade dos grupos visados pelo ataque de 15 de Fevereiro.

O bombardeamento de território estrangeiro pelos EUA, que não está formalmente em guerra com a Síria, é visto como uma violação do Direito Internacional, diz ao Guardian a professora da Universidade de Notre Dame, Mary Ellen O'Connell. “A Carta das Nações Unidas torna absolutamente claro que o uso de força militar no território de um Estado estrangeiro soberano é legal apenas em resposta a um ataque pelo qual este é responsável. Nenhum destes elementos está presente no ataque na Síria”, explica.

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