Sá Fernandes diz que reconstrução do chalet da Estrela “não é um pastiche”

Vereador reafirma que o edifício tinha problemas estruturais e garante que a reconstrução “vai ser um caso exemplar”.

Foto
Perspectiva de como deverá ficar o edifício depois de reconstruído DR

O vereador do Ambiente de Lisboa, José Sá Fernandes, disse esta quarta-feira que a reconstrução da antiga creche do Jardim da Estrela “não é um pastiche” e que este até “vai ser um caso exemplar de um edifício em madeira que vai ser construído exactamente da mesma forma”.

Questionado por Ana Jara, vereadora do PCP, na reunião pública de câmara, o responsável pela polémica obra em curso na Estrela reiterou que “praticamente todos os pilares exteriores estavam irrecuperáveis” e que, por isso, a demolição era inevitável.

“Qual era realmente o estado de conservação deste edifício?”, quis saber Ana Jara. “Alguém chamou a Lisboa a Capital Europeia da Demolição. Esta é uma obra do mesmo pelouro da Capital Verde”, afirmou a eleita comunista, argumentando que as “metas de sustentabilidade ambiental tão abstractas” adoptadas por Lisboa “não têm relação nenhuma com a reabilitação”.

A demolição do edifício da antiga escola Froebel, a primeira creche do país, gerou um coro de críticas nas redes sociais durante o fim-de-semana. O Fórum Cidadania Lx enviou uma carta de protesto à câmara e o grupo cívico Vizinhos da Estrela conseguiu ter acesso ao projecto, divulgando-o publicamente. Como o PÚBLICO escreveu, a Direcção-Geral do Património Cultural deu autorização à obra desde que essa não implicasse “o desmonte integral do edifício”, o que veio a acontecer.

Sá Fernandes diz, como a autarquia já tinha feito, que a necessidade de demolição foi atestada por um relatório da empresa Spy Building de 2016. “Há dois relatórios do mesmo dia. Um que analisa as peças que ainda estão sãs. Depois há outro relatório que analisa as patologias”, afirmou. Neste último está escrito que “78% da totalidade dos pilares exteriores encontram-se degradados”, garantiu o vereador.

Entre esses relatórios e o lançamento do concurso de empreitada (2019) e daí até agora “uma parte da cobertura ficou muito instável” e também não foi possível recuperá-la, acrescentou.

Foi a primeira vez que Sá Fernandes se pronunciou publicamente sobre o assunto. E fez questão de responsabilizar todos os outros vereadores. “Este projecto veio aqui a reunião de câmara. Já sabíamos disto em 2016, já sabíamos disto quando foi lançado o concurso”, disse.

Acontece que o comunicado da câmara de 26 de Janeiro, que anunciava as obras, referia apenas uma “intervenção de conservação e restauro” e “a reformulação integral das fundações”. Só esta semana é que foi feito um acrescento referindo que “cerca de 70% dos materiais de origem não estão em condições de ser restaurados”.

Sugerir correcção
Comentar